Operação investiga mais de 300 postos
A megaoperação conjunta para desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, realizada nesta quinta-feira em todo o país, começou com investigações em São Paulo, afirmaram representantes do Governo de São Paulo e do Ministério Público. Eles detalharam a operação Carbono Oculto.
Ela mira uma facção criminosa envolvida em crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. Ao todo, foram mobilizados cerca de 1.400 agentes de uma força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
Além das polícias, a operação contou com a Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP), com a atuação de 160 auditores fiscais responsáveis pela apreensão digital de documentos e da Procuradoria Geral de São Paulo (PGE/SP). A Polícia paulista realizou 156 mandados de busca em um trabalho que envolveu 776 policiais.
O governador Tarcísio de Freitas falou sobre a operação durante a entrega de moradias em Matão. “Desde 2023, a gente está trabalhando na área de inteligência para mapear essa situação. O Brasil, infelizmente, tem muitas brechas para isso. São regimes especiais tributários que às vezes são concedidos".
"São importações de um determinado tipo de produto para ser utilizado na indústria química, mas, chega aqui, ele é rebeneficiado e acaba chegando aos postos. Essas operações ilícitas foram sendo mapeadas e a gente teve a eclosão hoje da Carbono Oculto, que é uma resposta do estado com relação a essa inserção do crime no setor", disse.
O caso teve como ponto de partida o MP, que solicitou ao Centro de Inteligência da PM um levantamento de possíveis postos de combustíveis usados pelo crime organizado. O material fez parte da investigação. Além disso, o esquema de fraude em combustíveis utilizava fintechs e fundos de investimento para lavar dinheiro.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, observou que “problemas complexos exigem uma rede colaborativa. Hoje, deflagramos a maior operação da história, estritamente de inteligência. Somente uma das 200 empresas investigadas tem uma dívida fiscal com São Paulo de mais de R$ 7,5 bilhões”.
Para desarticular o esquema, foi necessário localizar os destinatários finais. Daí a cooperação entre instituições: o MP conhece dispõeo modo de atuação dos criminosos, enquanto a Receita Federal detém os dados financeiros que permitem identificar os beneficiários.
As autoridades descobriram irregularidades em diversas etapas da produção e distribuição em mais de 300 postos de combustíveis no estado. Há ainda indícios de que os investigados simulavam a compra dessas redes para ampliar o esquema criminoso, mas não pagavam aos proprietários. Caso eles cobrassem, eram ameaçados de morte.
Segundo o Ministério Público, outra fraude investigada era a importação irregular do metanol. O produto, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, não seria entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais, sendo desviado e transportado clandestinamente para outro lugar e utilizado para adulterar combustíveis.
Para ocultar os verdadeiros beneficiários, os ganhos eram distribuídos por uma rede de pessoas usadas como laranjas, camadas societárias e financeiras, fundos de investimento e instituições de pagamento. Parte substancial desses recursos foi usada para comprar usinas e expandir a atuação em distribuidoras, transportadoras e postos.
Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.
