"Nanocarbono" turbina as plantações

A busca por soluções sustentáveis para o fortalecimento da produção agrícola motivou o desenvolvimento de uma nova tecnologia na Unicamp. A proposta é usar resíduos da cana-de-açúcar para produzir nanopartículas fluorescentes de carbono, conhecidas como "carbon dots".

Elas atuam como bioestimulantes naturais para o crescimento e a proteção de plantas diante das mudanças climáticas. Com menos de 10 nanômetros, essas nanopartículas brilham quando expostas à luz ultravioleta — presente, por exemplo, na luz solar - o que contribui para aumentar a eficiência da fotossíntese nas plantas.

Desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica, da Faculdade de Engenharia Química e do Instituto de Química da Unicamp, a tecnologia utiliza um método de síntese assistida por microondas para a produção dos carbon dots. A técnica torna o processo mais eficiente, usando menos energia.

O pesquisador Marco César Prado Soares, doutor em engenharia mecânica pela Unicamp e um dos inventores, explica que os resíduos da cana-de-açúcar, como xarope e melaço, se mostraram ideais na qualidade de matéria-prima para o processo.

“Aí há tudo de que precisamos: sais minerais que atuam como catalisadores, matéria nitrogenada em abundância e diversos grupos orgânicos”. Segundo Soares, o diferencial está em alinhar essas características naturais à técnica de micro-ondas.

“É preciso ajustar aquecimento, pressão, potência, tempo, além de outros cuidados essenciais para viabilizar uma síntese ágil, segura e escalável, com potencial de aplicação fora do laboratório. Com isso, transformamos resíduos da cana, que possivelmente seriam descartados, em material de alto valor agregado e com baixo custo”, ressalta.

Soares acrescenta que a aproximação com o tema se intensificou a partir de interações do professor Julio Bartoli, membro da FEQ e também inventor da tecnologia, com o grupo de pesquisa do professor Maurizio Prato, da Universidade de Trieste (Itália) - uma referência internacional na área.

“O grupo tem um laboratório reconhecido globalmente, o Carbon Nanotechnology Group, e há inclusive reações com grafeno nomeadas em homenagem ao professor Prato. Essas trocas foram fundamentais para iniciarmos os estudos com os carbon dots e para o domínio da técnica de síntese por micro-ondas".

Além de Soares e Bartoli, participaram do desenvolvimento da tecnologia Catia Cristina Capelo Ornelas Megiatto, docente do IQ, Gabriel Perli, mestre e bacharel em química pela Unicamp, Diego Luan Bertuzzi, doutor em química pela Unicamp, e Eric Fujiwara e Carlos Kenichi Suzuki, ambos docentes da FEM.

7:02 PM  |  


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sao pedro