SP leva grupo a festival escocês Fringe
Começa dia 1º de agosto o Fringe, maior festival de artes cênicas do mundo, que acontece anualmente em Edimburgo, capital da Escócia, há quase 80 anos. Nesta edição, o festival recebe o São Paulo Showcase, iniciativa inédita do Governo do Estado de São Paulo, com temporadas de seis companhias paulistas.
Vão se apresentar Cênica, Cia de Dança de São José dos Campos, Fundo Falso, La Troupe, Parlapatões e Teatro Cego. A gestão e produção é da APAA. O São Paulo Showcase é uma das ações inaugurais do Ano Cultural Brasil/Reino Unido, que acontece de agosto de 2025 a junho de 2026, com mais de 100 atividades.
A presença paulista no Fringe é marcada pela diversidade de linguagens, como teatro, dança, circo, música e culinária, passando por temas como romance, rotina, burnout, saúde, empatia, confiança e história. As companhias apostam na brincadeira com as diferenças entre a cultura brasileira e escocesa, português e inglês, cada uma à sua maneira.
A Cênica, de São José do Rio Preto, apresenta “Cheese and Guava or Romeo and Juliet” (“Queijo com Goiabada ou Romeu e Julieta”), cujo título evoca um sabor tipicamente brasileiro. A companhia terá parte do elenco falando em português e parte em inglês, para depois trocar, e fez quatro meses de preparação.
“O principal desafio foi trabalhar a desenvoltura e a naturalidade do elenco ao se comunicarem numa língua estrangeira, com a qual eles têm diferentes níveis de familiaridade”, conta a preparadora Fernanda Villa Angelino, que ainda auxiliou na adequação cultural na tradução, com referências que possam se conectar com essa plateia.
A La Troupe, de São Paulo, que leva “What’s in the kitchen”, optou por outro tipo de abordagem. O texto encenado será o original, em português, contando com o apoio de legendas. Além disso, o ator Eduardo Estrela, que conduz o espetáculo, sai do personagem em determinados momentos para fazer contextualizações em inglês.
Ele tem familiaridade, já que morou por um ano na Inglaterra. A La Troupe promove uma experiência que transcende o teatro, oferecendo um almoço aos espectadores. E os sabores ali servidos, elaborados pelo chef Alejandro Huerta, trarão uma mistura entre Brasil e Escócia.
Quem também optou por trazer elementos do próprio idioma foi a Fundo Falso, de São Paulo, que leva ao Fringe “Honest Fraud”, com mágica e telepatia. “Na preparação para o festival, a necessidade de adaptar o espetáculo para uma língua estrangeira não foi um obstáculo, mas um impulso criativo”, analisa Rudi Solon, dupla de Ricardo Malerbi.
Outra companhia paulistana segue a trilha de linguagens universais: o Parlapatões, que apresenta “The Mequetrefo”, que tem a imagem e a ação física como vias principais de comunicação. “O teatro tem a capacidade de ser universal. A palhaçaria, como linguagem popular, mais ainda”, observa a produtora Camila Turim.
Os textos gravados que dão suporte dramatúrgico a “Voyeur / Samba & Love”, da Cia de Dança de São José dos Campos foram traduzidos. “Mas a dança é uma linguagem universal. Ela pode falar muito, sem a necessidade do uso da palavra. Porém, unir movimento corporal e som traz muito mais potência”, diz a coreógrafa Lili de Grammont.
O Teatro Cego, da capital paulista, leva ao festival “Another Sight”, encenado completamente no escuro. Para o Fringe, tiveram o texto traduzido por José Luiz Volcan, que morou no norte da Inglaterra, próximo à Escócia. O elenco teve aulas e ensaios com José Luiz para também, além de apenas traduzir, fazer adaptações de linguagem.
A ideia é que piadas e expressões façam sentido para o público do Fringe. Além do texto, sons e aromas conduzem o público pela história, que narra a experiência de uma empregada doméstica e sua patroa, ambas passando por tratamentos de câncer, em diferentes estágios.
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