Bahia sentirá impacto da taxa dos EUA

O deputado estadual Manuel Rocha, presidente da Comissão de Agricultura na Assembleia Legislativa da Bahia, fez uma alerta, nesta sexta-feira, sobre a decisão dos Estados Unidos em taxar as importações do Brasil em 50% a partir de agosto. A medida pode atingir produtos exportados pelo estado, como café, carne, suco de laranja e cacau.

“Essa decisão extremamente preocupante e pode ter efeitos devastadores sobre o nosso agronegócio. Como já alertaram diversas entidades, traz insegurança jurídica, prejudica o ambiente de negócios, afeta diretamente a geração de emprego e renda no campo e pode ter um impacto direto sobre a inflação”, diz.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) diz que a medida é injustificada, porque os dois países sempre tiveram uma tradição de cooperação e equilíbrio no comércio. Ela defende o “diálogo incessante e sem condições entre os governos e seus setores privados”.

No caso da laranja, os EUA compraram 41,7% das exportações brasileiras do produto na safra 2024/25, somando R$ 7,2 bilhões em faturamento, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) conta que a taxa elevaria o preço da tonelada da carne para cerca de 8.600 dólares, "inviabilizando qualquer comercialização para o mercado americano". A expostação de café do Brasil para EUA são 32% de toda a compra feita pelo mercado americano.

“O setor agropecuário brasileiro opera com altos padrões de produtividade, sustentabilidade e competitividade, e não pode ser penalizado por interesses políticos ou medidas unilaterais. O que está em jogo é o sustento de milhões de famílias, a confiança do mercado internacional e a estabilidade econômica do Brasil”, lembra Rocha.

Exportadora de soja, manga, cacau, café, algodão e óleos combustíveis, a Bahia deve ser muito afetada e perder negócios. Tiago Matos, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Relações Internacionais da Unijorge, diz que "o impacto deve ser sentido de forma específica de acordo com as relações comerciais de cada estado".

Na Bahia, isso vai desde o agronegócio baiano, com soja, frutas e algodão, por exemplo, até a indústria, que pode ser prejudicada ao importar máquinas, caso o Brasil resolva retaliar ao invés de negociar com os EUA. Um prejuízo concreto já aconteceu nesta semana na indústria da pesca.

Nesta quinta-feira, 58 contêineres frigoríficos carregados com mil toneladas de peixe deixaram de embarcar para os Estados Unidos. Como a viagem demora até 20 dias, a carga poderia chegar nos EUA já com a nova taxa. Como não sabem quanto irão pagar, os importadores frearam a remessa.

Agora, os contêineres vão ficar nos portos de Salvador, Pecém/CE e Suape/PE aguardando uma definição. “O setor está desesperado, porque tudo parou nas exportações e isso vai se complicar ainda mais, se não houver uma solução urgente. A suspensão partiu dos próprios compradores, porque ainda não sabem quanto pagarão”, disse à Folha o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo Naslavsky.

A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) destaca sua preocupação com a elevação das tarifas e diz que "na indústria baiana, a medida pode afetar segmentos como os de celulose e de petroquímica, bem como produtos como manteiga e licor de cacau, e pneus, dentre outros, que fazem parte da cadeia regional".

Os Estados Unidos são o terceiro maior comprador de produtos baianos, com 8,3% do total e um faturamento de US$ 440 milhões, de um total de US$ 5,1 bilhões exportados pela Bahia. "Isso representa aproximadamente 1% do PIB da Bahia", diz a fieb, que inclui a celulose entre os produtos afetados.

Ela explica que a celulose representa 16,2% das exportações baianas para os EUA, somando US$ 71,4 milhões no primeiro semestre. Manteiga e licor de cacau, celulose solúvel, pneus, benzeno, isopreno, paraxileno e ácido acrílico também estão entre os produtos que devem ser mais afetados.

Tiago Matos prevê que os baianos vivam dois momentos distintos caso não haja renegoriação. "O primeiro e mais imediato é um aumento da oferta interna de produtos que costumávamos exportar e que, em função das tarifas, perderão competividade e formarão estoques. O aumento expressivo da oferta pode fazer com que o preço caia".

"A médio prazo, a expectativa é que haja uma margem de incremento de preços desses produtos, como forma de compensar a perda de mercado externo e a diferença entre o poder de compra do dólar e do real brasileiro", completa. Com informações do Correio 24h

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sao pedro