Um amplo raio-x do novo Papa Leão XIV
Robert Francis Prevost Martínez, nascido em Chicago, 69 anos, foi eleito o novo Papa pela Cúria Romana da Igreja Católica. Mas quem é a pessoa que adotou o nome de papa Leão XIV? Fomos buscar entrevistas e informações sobre Robert para entender qual é o perfil do novo líder dos católicos. O perfil mais completo que voce encontrá.
Filho de Louis, um professor, e Mildred, uma bibilhotecária, o novo Papa gosta de jogar tênis mas nunca teve tempo suficiente para isso. Adora ler, fazer longas caminhadas e viajar, "ver e desfrutar de lugares novos e diversos. Gosto de relaxar com amigos e conhecer uma grande variedade de pessoas diferentes", disse numa entrevista.
Bacharelado em Ciências Matemáticas em 1977, Robert se graduou ainda em Teologia e em Direito Canônico, que também ensinou em vários seminários. Fala fluentemente espanhol e italiano, além do inglês, e tem bom conhecimento de latim. Boa parte de sua vida como religioso foi como missionário no Perú.
Depois de 20 anos por lá, ele chefiou partes da Igreja em Chicago e foi escolhido por Francisco para ser o Prefeito do Dicastério para os Bispos, em janeiro de 2023. O cargo talvez tenha sido fundamental para sua eleição, já que é o Prefeito que coordena a escolha de novos bispos e cardeais, uma posição chave na Cúria Romana.
Robert é visto como um religioso discreto e moderado, capaz de conversar com pessoas divergentes e de várias tendências, com talento para unir lados antagônicos. Este é justamente um dos desafios da Igreja de hoje, dividida internamente entre moderados e progressistas, muitos deles radicais.
Quem o conhece diz que tem imensa capacidade de ouvir e domínio sobre uma grande variedade de assuntos. Além das divisões internas, outro desafio será continuar o legado de Francisco, como a abertura de espaços para mulheres em cargos administrativos do Vaticano. Esta parte será facil. Ele já defendia as mulheres.
Numa entrevista quando era bispo, o agora papa Leão XIV destacou que as mulheres "trazem uma perspectiva e um olhar sobre as coisas diferentes, o que enriquece a atuação da Igreja". Duas coisas ficam muito patentes quando a gente olha para as opiniões de Robert da época em que ainda não era nem Cardeal.
Uma delas é a defesa da evangelização, da difusão da palavra de Deus como pastor. "Nós frequentemente nos preocupamos em ensinar a doutrina, mas com isso corremos o risco de esquecer que nosso maior dever é de comunicar a beleza e a felicidade de conhecer Jesus", declarou ao ser ordenado cardeal.
Para ele, um bispo deve ter uma visão ampla da Igreja e da realidade. Também defende que os religiosos precisam praticar a habilidade de ouvir o próximo, as pessoas, e pedir conselhos quando precisar. "Ter uma maturidade psicológica e espiritual". Esta deve ser a tônica de suas instruções aos padres e bispos em seu papado.
"Um elemento fundamental de um bispo é ser um pastor, capaz de estar próximo dos membros da comunidade. Nossa tarefa é ensinar o que significa conhecer Cristo e se aproximar de Deus. Isto tem que vir em primeiro lugar: comunicar a beleza da fé e a felicidade de viver com Jesus", afirmou.
O nome escolhido por um Papa geralmente indica o perfil que ele quer copiar ou em quem quer se espelhar. No caso de Robert, este é o Papa Leão 13. Ele defendia que ciência e religião se completavam e abriu o arquivo do Vaticano a pesquisadores, numa época em que as duas viviam em guerra.
Ele também refundou o Observatório do Vaticano "para que todos possam ver claramente que a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência verdadeira e sólida, seja humana ou divina, mas que a abraçam, incentivam e promovem ao máximo", dizia. Leão XIV vai nessa linha e é um entusiasta das redes sociais.
Numa entrevista no ano passado, ele defendeu que "as redes sociais podem ser uma importante ferramenta para que a palavra de Deus alcance milhões de pessoas. Nós precisamos nos preparar para usar a mídia social com competência", defendia há mais de cinco anos.
Discreto e centrado na fé, quando foi eleito cardeal disse que todo dia recitava a mesma oração: "Senhor, tudo isso está em tuas mãos. Dá-me a graça de que preciso para levar esta tarefa a bom termo. E como tenho tentado fazer ao longo da minha vida religiosa, disse sim, prossiga com a grande aventura de ser um seguidor de Cristo."
Sobre desafios, Leão XIV destacou, certa vez, "a polarização que se tornou o modus operandi de uma sociedade que, em vez de buscar a unidade como princípio fundamental, vai de extremo a extremo. As ideologias adquiriram maior poder do que a experiência real da humanidade, da fé, dos valores concretos pelos quais vivemos".
"Alguns interpretam erroneamente a unidade como uniformidade: 'Vocês têm que ser como nós somos'. Não. Isso não pode ser. Nem a diversidade pode ser entendida como um modo de vida sem critérios ou ordem. Estes últimos perdem de vista o fato de que, desde a própria criação do mundo, o dom da natureza, o dom da vida humana, o dom de tantas coisas diferentes que realmente vivemos e celebramos, não pode ser sustentado pela criação de nossas próprias regras e apenas fazendo as coisas à nossa maneira".
"Essas são posições ideológicas. Quando uma ideologia se torna dona da minha vida, não posso mais dialogar ou me envolver com outra pessoa, porque já decidi como as coisas serão. Estou fechado ao encontro e, como resultado, a transformação não pode ocorrer", completou.
A única mancha na trajetória do Papa Leão XIV aconteceu quando ele ignorou as alegações de abusos sexuais durante a sua liderança na ordem dos Agostinianos e no Peru. Em 2000, permitiu que o padre James Ray, acusado de abusar de menores, residisse no Mosteiro St. John Stone, ao lado de uma escola primária. O levantamento foi feito pelo jornal A Região e pelo Jornal das Sete da Morena FM 98.
Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.
