Desvios da ponte na BR-101 são ruins
Os transtornos e prejuízos causados pelo bloqueio da ponte sobre o Rio Jequitinhonha podem durar pelo menos mais um ano, caso o governo federal dê prioridade à obra. Mas ela pode terminar antes. Ouvido por A Região, o engenheiro Chico França fez as sondagens de solo ainda no ano passado, entregando o relatório em setembro.
No caso, é uma etapa a menos. "São três grandes etapas. Um é a elaboração do projeto, incluindo as sondagens de solo, já feitas. Depois vem a fase de lançar, julgar e decidir a licitação da empreiteira que fará as obras", explica França. "Como a barragem controla a vazão das águas, é possível agilizar os serviços de fundação", completa.
Precária há pelo manos 30 anos, a ponte do Jequitinhonha já foi bloqueada parcialmente várias vezes ao longo do tempo. Mas desta vez o fechamento é definitivo, com a decisão do governo de demolir a atual estrutura. Apesar de resolver o problema de vez a espera, que pode ser maior devido ao ano eleitoral em 2026, requer ajustes.
O principal é viabilizar um contorno viável. O governo federal não pensou nisso antes de bloquear a ponte e agora vai ter que correr para asfaltar e sinalizar os desvios, pelo menos jogar cascalho e brita para evitar os atoleiros, frequentes no período de chuvas. A improvisação tem transformado a vida dos motoristas num inferno.
Moradores da zona rural ao norte da ponte, incluindo uma aldeia indígena, estão impedidos de frequentar escolas, ir ao médico ou simplesmente comprar no comércio de Itapebi. O transporte de passageiros e cargas entre o sul e o nordeste foi imensamente prejudicado, com aumento brutal do custo e atrasos de muitas horas no trajeto.
O desvio exige percorrer entre 700 e 850 quilômetros de estradas ruim, esburacadas, sem sinalização alguma. Nos dias de chuva os caminhões atolam e bloqueiam o trajeto. Alguns já viraram, por enquanto sem o registro de mortes. Esses problemas já causaram aumento no preço dos alimentos e produtos. Emergências médicas se tornaram de risco.
Em Itapebi, o comércio está desesperado, com dificuldades em vender e receber mercadorias. Quando chegam, o frete acaba com a margem de lucro. Muitos lojistas estão levando os produtps em carrinhos de mão pela ponte. Doentes são carregados para pegar a ambulância do outro lado. A Prefeitura está preocupada com o futuro.
O prefeito de Itapebi, Isan Botelho, tem reclamado na midia sobre a falta de diálogo e de comunicação por parte do Dnit, que ele acusa de falta de planejamento. Ele destacou os transtornos para os moradores, em especial estudantes, dos distritos de Ventania e Caiubi, que dependem da ponte para para ir às aulas e o comércio.
Os empresários da cidade apontam como fatores de preocupação a fuga de empresas, o cancelamento de investimentos e o consequente aumento do desemprego na cidade. A Prefeitura tem baixo orçamento e terá dificuldade em atender as vítimas do fechamento da ponte. Por enquanto o que existe são promesas.
O Dnit prometeu asfaltar ou patrolar os desvios, mas obras de asfaltamento vão exigir o fechamento de metade da pista de cada vez, complicando o trânsito, já caótico com mão dupla em estradas estreitas e sem acostamento. Outra medida é usar balsas na represa da Coelba para atravessar veículos leves e ambulâncias. Depende de acordo.
Causa estranheza que o governo federal não tenha convocado os batalhões de engenharia do Exército para ajudar. Eles foram exemplares tocando obras no governo de Jair Bolsonaro e já fizeram uma ponte provisória de 50 metros na BR-101, em 2002, quando parte da estrada desabou. A ponte foi feita em duas semanas e suportava caminhões.
Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.
