A tragédia da Educação em números

O indicador mais básico para medir o nível de educação no Brasil, o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), está no mesmo patamar de 2018. Divulgado nesta segunda-feira (5), o Inaf expõe que o país mantém no analfabetismo funcional 30%, mais de três em cada dez brasileiros com idade entre 15 e 64 anos.

Mais de um terço da população ou não sabe ler e escrever ou sabe muito pouco, a ponto de não entender pequenas frases ou identificar números de telefones e preços. Há ainda um preocupante avanço do analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos, de 14% em 2018 para 16% em 2024.

Houve ainda queda entre os completamente capazes de entender qualquer texto e fazer contas mais complexas. Eram 12% e caíram para 10%. Os pesquisadores atribuem esta piora nos jovem ao fechamento de escolas durante a pandemia de covid-19, imposto pelos governadores mesmo sem haver necessidade.

Cientistas de vários países descartavam o fechamento das escolas porque pessoas abaixo de 19 anos eram praticamente imunes ao virus gripal. Os levantamentos pós-covid mostraram que menos de 2% deste público chegou a ter infecção de Covid. Porém, os mais de seis meses sem aulas causaram um prejuízo gigantesco.

O Inaf é feito aplicando um teste a uma amostra representativa da população. O exame estabelece como analfabetismo os resultados com níveis mais baixos (analfabeto e rudimentar). O nível elementar é o alfabetismo básico e os níveis mais elevados (intermediário e o proficiente) são o alfabetismo consolidado.

Uma população "básica"

A maior parte da população, 36%, está no nível elementar. Entendem textos médios, sabem fazer contas básicas de soma, subtração, divisão e multiplicação. Outras 35% estão no patamar do alfabetismo intermediário, mas apenas 10% de toda a população brasileira estão no topo, no nível proficiente.

Quanto mais velha, maior o analfabetismo da população. 19% das pessoas entre 25 e 34 anos são analfabetas funcionais, enquanto 30% das entre 35 e 49 anos estão nesta situação e o índice chega a 51%, ou seja, mais da metade, da população entre 50 e 64 anos. Mais grave ainda é que 76% dos alunos do Fundamental são "af".

Mesmo no ensino Médio e no Superior, 1% são analfabetos ou só "assinam o nome" (16% e 11%), duas etapas nas quais a pessoa deveria ser proficiente. Na primeira, só 9% são e na segunda, 23%, números vergonhosos que estão entre os mais baixos entre os países desenvolvidos ou em desenvolvimento.

Nas capitais, 60% só têm conhecimento básico ou são analfabetos funcionais. No interior, 68%. A condição "menos pior" é a das cidades acima de 500 mil habitantes, onde 22% são analfabetos funcionais e 36% só sabem o básico. O fundo do poço está nas cidades até 20 mil habitantes, onde só 23% são alfabetizados normais.

Nordeste é o mais ignorante

Por regiões, o resultado é o que se esperava. O Nordeste é a área mais ignorante do país, com 13% de analfabetos funcionais e 29% que só "sabe assinar o nome". No Sudeste, as taxas são de 4% e 18%. Mas o Sul é a região com mais pessoas proficientes, 13%. No Nordeste são apenas 8%.

O Inaf também testou o "analfabetismo digital", ou seja, a condição que uma pessoa tem de usar a internet de forma normal. Para isso, o teste incluia fazer uma compra online, selecionar um filme e justificar a escolha, e preencher um cadastro online. Entre os proficientes 60% acertaram tudo. Entre os elementares (básico), só 18%.

Entre as pessoas com nível Fundamental completo, só 10% completaram tudo como se espera e 34% não conseguiram fazer nada. A taxa para quem tem nível Médio foi de 25%, com 15% fracassando. E para curso Superior, 39% passaram totalmente no teste. Mas 9% dos diplomados falharam completamente.

Novamente, o Nordeste teve o ṕior desempenho. Só 16% acertaram as três tarefas, contra 30% do Centro Oeste, 24% do Sudeste e 23% do Sul. No Nordeste, 35% das pessoas não conseguiram realizar nenhuma das atividades, contra 20% Sudeste, 23% do Sul e 22% do Centro Oeste com o Norte.

Tragédia nacional no ensino

Existem dados ainda mais alarmantes. 6% de todos os que concluíram o Ensino Médio são completamente analfabetos, passando por causa da "aprovação automática" adotada por estados como a Bahia, para garantir mais verbas federais que dependem desse número. 31% dos "formados" no Médio tem alfabetização rudimentar.

É considerado alfabetizado em nível elementar quem seleciona, em textos médios, uma ou mais informações, observando certas condições e realizando pequenas inferências. Ele também resolve problemas envolvendo operações básicas com números da ordem do milhar, que exigem certo grau de planejamento e controle.

Ou seja, é o básico para que a pessoa tenha um emprego que não exija a leitura de um manual ou cálculos com números acima de 1.000 ou percentagens, por exemplo. Eles são 36% da população e não conseguiriam entender o texto desta matéria. Somente 18% deles chegam ao ensino Superior, provavelmente por meio de cotas.

O alfabetizado intermediário entende este texto, calcula percentagens básicas e proporções, reconhece evidências e argumentos, confronta a moral da história com a própria opinião ou com o senso comum. Ele também reconhece estilos de texto e sabe o que significam figuras de linguagem e pontuação. 25% dos brasileiros estão neste nível.

O proficiente, só 10% da população, escreve textos complexos, resolve cálculos maiores, consegue analisar dados, interpreta tabelas e gráficos, tem opinião bem estruturada, faz atividades complexas, planejamento e controle, sabe diferenciar mentira de verdade na mídia. 37% ganham acima de 5 mínimos, 59% tem de 20 a 39 anos.

6:48 PM  |  


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sao pedro