Delegada revela bastidores da Deam

Nesta quarta-feira, o Mesa Pra 2, da Morena FM, recebeu a delegada Katiana Amorim. Ex-coordenadora da 7ª Coorpin, em Ilhéus, ela acabou de assumir a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Itabuna. Professora de Direito Penal da Uesc, Katiana falou das particularidades do trabalho policial na Deam.

"O atendimento à vítima do gênero feminino é direcionado e ele tem diretrizes estratégicas do departamento específico", explicou. Para a delegada, a Deam tem duas faces. De um lado, é delicada para acolher a vítima. Do outro, precisa de firmeza para conter o agressor e apresentá-lo à Justiça.

"A gente precisa ter muita delicadeza para tratar a vítima e muita urgência e firmeza para tratar o autor, porque ele pode fazer mais vítimas e vitimizar, novamente, a mesma pessoa", disse ao host Marcel Leal. Katiana ressaltou que, em regra, a delegacia atende "a mulheres em condição de fragilidade, que precisam de atenção diferenciada".

A delegada também apontou que as forças de segurança tendem a ser muito cobradas para lidar com problemas que têm origem em outros setores da sociedade. Em última instância, o ideal seria não precisar de polícia para defender as mulheres. "Esse dia é que a gente venceu a guerra".

Apesar dessa reflexão, Katiana Amorim reconheceu a importância do andamento dos processos penais para lidar com os crimes cometidos. Marcel comentou distorções na aplicação da Lei Maria da Penha e citou casos em que, após ser preso por agredir a mulher, o agressor foi solto em audiência de custódia e acabou matando a vítima.

Ele atribuiu o problema a decisões equivocadas de juízes. Katiana ponderou que eles seguem um arcabouço legislativo. "A gente não tem como não fazer o que a lei determina. A gente não tem como prevaricar", argumentou a delegada.

"Mas, tem juiz que não está cumprindo a lei", retrucou Marcel. "Tem gente que chega lá com dez passagens pela polícia e é solto. Tem gente que chega lá com homicídio e é solto", acrescentou o jornalista.

Estudiosa de criminologia, Katiana falou de outra particularidade da violência doméstica, o envolvimento afetivo entre as partes. "A relação afetuosa ajuda a entender por que algumas mulheres recuam e desistem da denúncia contra o agressor", explicou.

Nos casos de menor gravidade, a desistência da vítima implica no arquivamento do inquérito policial. "Já em crimes de feminicídio ou lesão corporal grave, a Polícia é obrigada a concluir o inquérito e o Ministério Público, a oferecer denúncia à Justiça, caso as investigações tenham reunido indícios suficientes para uma ação penal".

Transmitido ao vivo às quartas-feiras, às 15h, o Mesa Pra 2 de hoje também falou de infância, cursos na Swat e teve momentos leves. Num deles, a delegada revelou sua preferência pelas espingardas calibre 12. "São brutas, bonitas e eficientes", resumiu. A íntegra da conversa pode ser ouvida em bit.ly/MesaPra2

7:22 PM  |  


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sao pedro