Operação do Dnocs assusta os políticos
A Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, promete fazer um estrago não só nas quadrilhas, mas no meio político, por causa do envolvimento de servidores municipais e até parentes de políticos conhecidos. Ela apura desvio de dinheiro e fraude com verbas do Dnocs, de obras contra a seca.
Um presos por ordem da Justiça, por exemplo, é o vereador Francisquinho Nascimento (União Brasil), de Campo Formoso, primo do deputado federal Elmar Nascimento, que era candidato à presidência da Câmara. Francisco era secretário-executivo da prefeitura, que tem como prefeito o irmão de Elmar, Elmo.
Outro estrago político é o da família Hagge, porque o secretário de Governo da Prefeitura de Itapetinga (foto), Orlando Santos Ribeiro, foi preso junto com o vereador reeleito Diego Queiroz, o "Diga Diga" (PSD) e homem de confiança do prefeito Rodrigo Hagge, que acaba de eleger o tio, Eduardo, para sucedê-lo.
Segundo a PF, houve fraudes e direcionamento de licitações na Prefeitura de Itapetinga em favor das empresas Qualymulti Serviços e Allpha Pavimentações, que pertencem aos líderes da quadrilha, Alex Parente e seu irmão Fábio Parente. Na Bahia, eles atuavam em Salvador, Lauro de Freitas, Campo Formoso e Jequié.
Em Lauro de Freitas, a prisão foi do vice-prefeito Vidigal Cafezeiro (Republicanos), primo do desembargador Raimundo Cafezeiro, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A fraude foi para favorecer a empresa Pap Saúde Ambiental Eireli, de Alex Parente. O ex-superintendente do Dnocs na Bahia, Lucas Lobão, preso, é de lá.
A quadrilha tinha na Prefeitura de Jequié o apoio da coordenadora de Projetos, Execução e Controle da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, Kalliane Lomanto Bastos, presa. A empresa beneficiada na cidade foi a Allpha Pavimentações e Serviços de Construções.
A operação conseguiu o sequestro de R$ 162 milhões em bens da organização criminosa, incluindo aeronaves, imóveis de luxo, barcos e veículos topo de linha. Os mandados de prisão e sequestro foram do juiz Federal Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal Criminal de Salvador.
Ele afirma em sua decisão que o esquema criminoso não se limitou aos contratos ligados ao Dnocs e que a quadrilha cooptou servidores para diversos fins, desde o direcionamento de licitações até a execução dos contratos e superfaturamento.
“Os compromissos ilícitos (propinas) são pagos, por sua vez, através de empresas fantasmas ou métodos que dificultam a identificação dos remetentes”, diz trecho da decisão do juiz Fábio Moreira. Ele destaca que o ex-super do Dnocs, Lucas Lobão, participava ativamente da fraude com o amigo Alex Parente.
Lobão, enquanto estava no Dnocs, facilitava a aprovação dos contratos e, após sua exoneração, continuou a atuar nos bastidores em favor da Allpha Pavimentações, onde passou a ser sócio oculto, visando facilitar e intermediar os pleitos da Allpha junto ao órgão federal, segundo a PF.
Foram presos ou intimados Lucas Lobão, ex-coordenador do Dnocs na Bahia; Alex Rezende Parente, Fábio Rezende Parente, José Marcos de Moura, o "Rei do Lixo"; Flávio Henrique Pimenta, Clebson Cruz de Oliveira, Fábio Netto do Espírito Santo, Orlando Santos Ribeiro.
Mais Francisco Manoel do Nascimento Neto (vereador), Kaliane Lomanto Bastos, Claudinei Aparecido Quaresemin, Itallo Moreira de Almeida, Evandro Baldino do Nascimento, Geraldo Guedes de Santana Filho, Diego Queiroz Rodrigues, Ailton Figueiredo Souza Junior e Iuri dos Santos Bezerra.
Segundo a Polícia Federal, durante o período investigado a quadrilha movimentou R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas neste ano. Foi determinado o sequestro de R$ 162,4 milhões referentes ao valor obtido pela organização criminosa por meio dos crimes.
Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.
