Cacau futuro passa dos 10 mil dólares

Não é ainda semelhante à época de ouro do cacau, nos anos 70/80, quando a tonelada chegou a US$ 4,420 dolares, mesmo beirando os 10 mil dólares nesta semana. Não é igual porque os US$ 4,470 daquela época, corrigidos para hoje, equivalem a 20 mil dólares. Mas é a maior cotação desde então.

Nesta quarta, a tonelada foi cotada a US$ 9,908 em New York e a R$ 671,55 no eixo Itabuna-Ilhéus. Os contratos futuros de cacau chegaram a ficar acima da marca inédita de US$ 10,000 por tonelada, e não parece que vai parar por aí, segundo os especialistas do mercado.

O principal motivo para a escalada dos preços é a crise nos maiores produtores mundiais na África, Costa do Marfim e Gana, que foram atingidos por fortes chuvas, calor seco e doenças, num curto período de tempo, e não parecem ter condições de reverter a queda de produção nos próximos anos.

As colheitas fracas criaram um déficit anual que já se acumula há três anos. Além da baixa produção, o mercado está vendo vários traders vendendo contratos futuros para proteger suas posições físicas. Enquanto o contrato não vence, eles precisam levantar dinheiro e são obrigados a vender.

As vendas a mais fazem o valor crescer sem parar. Nesta terça, os futuros chegaram a US$ 10,080 em New York. “Quando estamos nesse preço, é difícil dizer se esses preços são justificados”, disse Paul Joules, analista do Rabobank em Londres, ao Bloomberg Linea.

“Sempre que temos uma queda no mercado, parece subir imediatamente de volta, o que tem mais a ver com os comerciais, eles têm sido compradores líquidos.” O avanço do cacau é bom para os produtores, mas péssimo para quem consome chocolates e produtos que contém cacau na composição.

Alguns fabricantes aumentam o preço, outros mantém o valor porém reduzem o peso e tamanho das barras. A Pascoa deste ano talvez não sofra este efeito, porque as vendas são do cacau futuro. Mas isso será inevitábel e certamente afetará os produtos no final do ano e na Páscoa de 2025.

A atenção do mercado está na próxima safra africana, a menor das duas. A Costa do Marfim prevê uma colheita menor, o que indica que a cotação continuará subindo e surpreendendo. Brasil e Equador buscam um aumento da produção, mas ele precisa de quatro anos para que o cacaueiro produza.

Além do clima incerto, o cacau da África sofre com a "podridão negra", velha conhecida do sul da Bahia, onde era chamada de "podridão parda" e foi erradicada no século passado. Outro problema são as péssimas estradas, que dificultaram o escoamento do produto para os portos, que caiu 35%.

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sao pedro