Bolsonaro comenta ação para cassá-lo
Em entrevista no Rio Grande do Sul, o presidente Bolsonaro acusou o Tribunal Superior Eleitoral de tentar culpá-lo pelos ataques de 8 de Janeiro “para atingir fins políticos”. Flando ao jornalista Rogério Mendelski, ele comparou a um crime a hipótese de se tornar inelegível por oito anos.
Bolsonaro critica a manobra de incluir fatos novos, relacionados ao vandalismo nas sedes dos poderes em Brasília, na ação judicial eleitoral que o acusa de abuso de poder por um encontro com embaixadores em julho de 2022.
“A Justiça Eleitoral, pelo que eu estou vendo, porque quem preside o TSE é o senhor Alexandre de Morais, tenta, dessa forma, me culpar pelo que aconteceu dia 8 de Janeiro. É muito ruim, tá?, quando se aparelha o Judiciário, para atingir fins políticos. É isso que estão falando".
"Eles temem o quê? Me tirar, agora, direitos políticos, sem uma prova, sem algo de concreto que eu tenha feito, isso é um crime. Não tem nada que me possa tirar os direitos políticos, a não ser uma arbitrariedade”, acusou Bolsonaro, que diz, aos 68 anos, que sonha em seguir trabalhando pelo Brasil, afirmando que não estará morto em 2026.
Ele disse esperar que seja feita justiça, citando o precedente de 2017, que virou uma jurisprudência, quando não se permitiu a inclusão de fatos novos na ação que pedia a cassação da chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). “Fizeram comigo; agregaram até o ocorrido em 8 de janeiro deste ano”.
Bolsonaro lembra o voto do ministro Gilmar Mendes, que à época afirmou que a Justiça Eleitoral não deve existir para cassar mandato, muito menos de presidente. “E, agora, mais do que mandato, estão cassando na origem, querendo me tornar inelegível, lá na origem”, criticou Bolsonaro.
O presidente ainda se defendeu, citando o ministro da Defesa do governo de Lula, José Múcio, sobre a conclusão de não ter existido um “figura central” nos ataques de 8 de janeiro e afirma que nem partiu de seus apoiadores acampados diante do Quartel General do Exército, em Brasília.
“Múcio falou que quem fez quebra-quebra não foi pessoal do acampamento, mas de ônibus que vieram de fora. E desde minha saída do país, em 30 de dezembro, caiu muito a presença nos acampamentos”, declarou.
Bolsonaro lembrou que petistas Dilma e Lula não se tornaram inelegíveis, mesmo após a ex-presidente ser cassada em impeachment e o atual presidente ter sido condenado em três instâncias e preso por corrupção, em abril de 2018. “Lula estava na cadeia, reinterpretaram a prisão em 2ª instância, foi posto em liberdade".
"Mas tinha três condenações. E, pela Lei da Ficha Limpa, quem tem condenação criminal em 2ª instância não pode ser candidato. Descondenaram o senhor Lula e ele recuperou os direitos políticos e é candidato, com todos aqueles absurdos ocorridos no governo dele”, criticou.
Bolsonaro acusou o Judiciário de proteger politicamente seus rivais da esquerda. E ressaltou que Dilma e Lula puderam ser candidatos, após o esquema bilionário de corrupção em seus governos ter resultado em delatores devolvendo R$ 5 bilhões e outras empresas fazendo acordo de leniência para devolver R$ 15 bilhões desviados.
“Ou seja, mais de R$ 20 bilhões de corrupção devolvidos por causa da Lava Jato, e o cara recupera os direitos políticos, é candidato, onde recebe praticamente uma proteção toda especial por parte do Tribunal Superior Eleitoral. E quem de direita contestasse ou falasse qualquer coisa era punido”, acusou.
Bolsonaro comentou ainda o ponto central da ação do PDT: a reunião com embaixadores na residência oficial do Palácio da Alvorada, em 2022. Na ocasião, o então presidente e pré-candidato usou informações desmentidas e imprecisas para denunciar que o sistema eleitoral do Brasil seria passível de fraudes e não seria auditável.
“Não ataquei, mostrei a verdade sobre o sistema eleitoral. A imprensa nunca se preocupou em analisar o inquérito da Polícia Federal de novembro de 2018, sobre possível fraude eleitoral. Por causa da minha reunião com embaixadores, abusei dos meus direitos políticos e querem me tornar inelegível".
"Ou seja, é uma condenação injusta. Tive minhas contas aprovadas no TCU, não tem nada que pese contra mim sobre corrupção, desmandos, abuso, nada. Apenas, agora, o crime é conversar com embaixadores”, defendeu-se.
O presidente lembrou que o ministro Edson Fachin tinha feito reunião similar, dois meses antes, apelando para que os chefes de Estado representados pelos embaixadores reconhecessem o resultado da eleição logo após a apuração das urnas. E afirmou que tal atuação de política externa seria atribuição restrita a presidentes.
“Não era uma política do STF e muito menos do TSE, porque foi isso que fez o senhor Edson Fachin. E sabe qual recado que o senhor Fachin deu na sua reunião com embaixadores? ‘Tão logo o TSE apure, o senhores devem, imediatamente, fazer com que os seus respectivos chefes de Estado reconheçam o ganhador das eleições’".
"Ora, por que isso? Será que ele agiu corretamente? Será que ele sabia algum resultado? Estou botando uma dúvida aqui. Com que objetivo?”, questionou Bolsonaro. Com o Diário do Poder, que enviou ao TSE um pedido de posicionamento sobre as declarações de Bolsonaro.
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