PF faz operação-show contra Bolsonaro

A Polícia Federal fez, na manhã desta quarta-feira, uma operação sensacionalista, levando homens fortemente armados, com o rosto coberto e muitas viaturas, para pegar o celular do presidente Jair Bolsonaro. Por "coincidência", o estardalhaço abafou a derrota do projeto de lei da censura no Congresso.

O jornalista Cláudio Humberto, um dos principais analistas políticos do país, obervou que a situação é inédita na história brasileira: "pela primeira um ex-presidente da República é alvo de operação das autoridades policiais não por corrupção, mas por supostamente ter falsificado o certificado de vacina contra a covid".

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, alegando suposta “adulteração” de documento público. A acusação é estranha, já que uma pessoa que sempre disse que não tomou a vacina não teria motivos para falsificar um cartão qeu o desmentisse.

Um dos "índícios" alegados para a operação sensacionalista foi que Bolsonaro "entrou nos Estados Unidos três vezes no ano passado" e por isso tinha que comprovar ter sido vacinado. A alegação é de uma ignorância simplista. Visitantes com passaporte diplomático não precisam provar vacinação.

Nesses casos, informa o governo dos Estados Unidos, quem tem passaporte diplomático não precisa mostrar comprovante de vacinação. Menores de idade, como a filha do presidente, Laura, também não estavam obrigados a ter o imunizante. Resumindo, não existia nenhum motivo para "falsificar" o cartão de vacina.

A vice-Procuradora-Geral da República (PGR), Lindôra Araújo, foi contra a busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em manifestação enviada em 21 de abril ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Não adiantou, Moraes rotineiramente ignora a PGR e ordenou a ação assim mesmo.

“Os elementos de informação incorporados aos autos não servem como indícios minimamente consistentes para vincular o ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro e a sua mulher, Michelle Bolsonaro, aos supostos fatos ilícitos descritos na representação da Polícia Federal (PF), quer como coautores, quer como partícipes.”

Bolsonaro afirma que “eu não tomei a vacina após ler a bula da Pfizer. Foi uma decisão pessoal minha. Em momento nenhum eu falei que tomei a vacina e eu não tomei”. Ele conta que os agentes da PF tiraram cópia do cartão de vacina dele e da ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, e levaram seu celular.

“O cartão de vacina da minha esposa foi fotografado. Ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Janssen. A outra minha filha que eu respondo, a Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. Tem um laudo médico sobre isso. Eu realmente fico surpreso com a busca e apreensão por esse motivo”, disse o presidente.

O advogado de Bolsonaro explicou que a defesa não teve acesso ao inquérito. “O que foi noticiado por vocês é que se trata de um cartão de vacina”, disse Marcelo Luiz Ávila de Bessa. “É um ato que eu considero arbitrário, precipitado. Após termos acesso ao inquérito nós daremos outras declarações".

A PF investiga um grupo suspeito de inserir “dados falsos” da vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A apuração ocorre no âmbito do inquérito ilegal das milícias digitais, que não tem nada a ver com vacina, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes ao arrepio da Constituição.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, foi detido, junto com o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial; o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro; o secretário municipal de governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.

Jornalistas independentes lembram que o assunto do dia seria a derrota acachapante do governo Lula no Congresso, falhando em aprovar um projeto de lei de cunho fascista que instituiria a censura legalmente no país. A operação-show ajudou a empurrar essa derrota para os bastidores, lembraram Oeste e Jovem Pan.

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sao pedro