Ferrovia Bahia-Minas será reativada
Na esteira de projetos como a Fiol, alavancada no governo do presidente Jair Bolsonaro, outros projetos de ferrovias começam a atrair investidores. Um deles é a reconstrução da Ferrovia Bahia-Minas, que ligava Caravelas, no litoral baiano, a Araçuaí, no meio de Minas Gerais.
Ele foi desativada há 57 anos. Mas a Multimodal Caravelas (MTC) anunciou que vai apresentar o projeto de reativação da ferrovia no dia 29. No início de fevereiro, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou a construção e exploração do trecho original e formalizou o contrato.
A estrada de ferro vai passar pelos mesmos municípios que a antiga ferrovia, criada em 1881. As adaptações serão feitas conforme os traçados atuais e planos diretores municipais, explica o diretor Divino Passos. Segundo ele, os investimentos serão de R$ 12 bilhões e as obras começam assim que concluir o licenciamento ambiental.
Serão cerca de 500 quilômetros de trilhos, incluindo os os ramais de Teixeira de Freitas e Mucuri. Ao todo, onze municípios são cruzados pela traçado original, sendo três na Bahia, Caravelas, Alcobaça e Nova Viçosa; e oito em Minas, Serra dos Aimorés, Nanuque, Carlos Chagas, Teófilo Otoni, Poté, Ladainha, Novo Cruzeiro e Araçuaí.
Entre as principais cargas que podem tornar o empreendimento viável está o eucalipto, cultura muito presente nesta região de Minas Gerais. A Suzano, gigante do setor, possui uma unidade de produção de celulose em Mucuri e boa parte da matéria prima pode chegar pelos trilhos.
Além disso, Araçuaí e Itinga abrigam um projeto de extração de lítio, utilizado na fabricação de baterias e considerado estratégico. Atualmente, a Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, investe pesado na construção de uma planta de extração para produzir lítio de alta pureza, com a exploração em fase incial.
Também há a expectativa que a reativação da ferrovia possa aquecer o turismo entre as regiões, com alguma linha para transporte de passageiros. A Multimodal Caravelas também pretende aprimorar outros modais logísticos da região, como o aeroporto e o porto da cidade, para tornar a ferrovia economicamente viável.
Ponta de Areia era o ponto inicial da Bahia-Minas, no munícipio de Caravelas. O local foi imortalizado em uma música composta por Fernando Brant e Milton Nascimento. Brant percorreu a ferrovia sete anos após sua desativação, em 1973, para uma reportagem da revista O Cruzeiro, da qual era repórter.
Construída a partir de 1881, a Bahia-Minas foi responsável pelo surgimento de vários povoados e cidades ao longo de seu percurso, além de integrar o Sul da Bahia e o Vale do Jequitinhonha economicamente a outras regiões pelo porto de Caravelas.
Sua desativação desolou estas localidades e os relatos colhidos durante a reportagem inspiraram a composição da canção, lançada por Milton em 1975. Em 2015, o Jornal Estado de Minas fez uma reportagem sobre os 50 anos de desativação da ferrovia. Repórteres refizeram todo o trajeto e mostram o cenário de abandono.
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