Bahia duplica desmatamento em 2023

O desmatamento no Cerrado chegou a 188.200 hectares no primeiro trimestre neste primeiro ano do novo governo petista. Esse número é 35% maior que o registrado nos três primeiros meses de 2022, com Bolsonaro, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado, divulgados nesta sexta.

“É necessário cautela ao interpretar os dados de desmatamento na época de chuva. A alta cobertura de nuvens nessa época pode aumentar o tempo de detecção dos alertas de desmatamento pelo SAD Cerrado. Portanto, um desmatamento que ocorreu em janeiro ou fevereiro pode estar sendo detectado somente agora em março".

"Isso devido à presença de nuvens naquela área nos meses anteriores. Assim como podemos detectar nos próximos meses novos desmatamentos que na verdade ocorreram agora no mês de março, mas estavam cobertos por nuvens nas imagens desse mês," alerta a pesquisadora do IPAM Fernanda Ribeiro.

"Normalmente temos uma baixa detecção de alertas na época chuvosa devido à cobertura de nuvens, e também devido ao próprio calendário agrícola. Por isso, esse aumento significativo de desmatamento no primeiro trimestre em relação aos últimos dois anos é bastante preocupante”,

Dos 188,2 mil hectares desmatados no Cerrado no primeiro trimestre, cerca de 48 mil estão na Bahia. O estado foi o que mais concentrou novas áreas de desmatamento do bioma no período, com 25%. A área desmatada no governo Lula mais que dobrou em relação ao primeiro trimestre de 2022 (20.200 hectares).

Durante março foram desmatados 54.800 hectares de Cerrado, um aumento de 37,7% em relação ao mesmo período em 2022, quando o bioma perdeu 39,8 mil hectares. Durante o terceiro mês do ano, a Bahia respondeu por 30% de todo o desmatamento, cerca de 16,3 mil hectares.

O resultado é impulsionado pelo desmatamento em municípios do oeste baiano, dentro da fronteira agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). No trimestre, ela concentrou 64% do desmatamento do bioma e os últimos relatórios indicam uma continuidade na alta do desmatamento na região, em especial na Bahia.

“O Oeste da Bahia tem se destacado com o aumento do desmatamento nos últimos meses. Só no último trimestre foram 47,8 mil hectares derrubados na região. Isso afeta diretamente a manutenção da biodiversidade local e os modos de vida das populações tradicionais".

"Essa expansão está ocorrendo em áreas de alta importância para manutenção da conectividade entre áreas protegidas da região, e também dentro de territórios tradicionais, fomentando diversos conflitos sociais na região”, afirma Tarsila Andrade, pesquisadora do IPAM que atua no SAD Cerrado.

Também é na região do oeste baiano que está localizado São Desidério, o município com as maiores taxas de desmatamento de todo o Cerrado para o trimestre. De 2022 para 2023 o desmatamento quadruplicou no município: foram 12 mil hectares desmatados entre janeiro e março deste ano, 25% do total.

Correntina, vizinha de São Desidério e segunda colocada do ranking em 2023, também quadruplicou seu desmatamento em relação ao ano passado. Foram 8,2 mil hectares detectados no primeiro trimestre do ano, contra 1,3 mil ha no mesmo período do ano passado.

Outros municípios baianos também registraram aumentos significativos no desmatamento em relação ao mesmo período de 2022. Seis dos dez municípios que mais desmataram no primeiro trimestre de 2023 estão localizados no estado e respondem por 20% de todo o desmatamento no Cerrado.

O SAD Cerrado é uma ferramenta de monitoramento do desmatamento do bioma desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia em parceria com a rede MapBiomas e com o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás.

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sao pedro