Professor é suspenso por ler artigo

O professor Flávio Luiz Gabardo, diretor da Escola Estadual de Educação Básica Érico Veríssimo, em Jacutinga (RS), foi afastado depois de ler parte de um artigo do jornalista J.R. Guzzo, intitulado “À sombra da corrupção sem limites”, durante um programa de rádio local. O conteúdo está disponível na Revista Oeste.

Depois de tomar conhecimento do comentário de Gabardo, o PT o denunciou à Secretaria de Educação do RS, alegando que ele usou “argumentos racistas” em suas declarações. A 15ª Coordenadoria Regional de Educação afastou o diretor de suas atividades e o proibiu de frequentar a escola.

"Estou afastado das funções de diretor. Ainda me proibiram de entrar na escola. Tenho um filho que estuda lá, e não posso entrar na escola para conversar com ele", lamenta Flávio. Ele também teve suas senhas nas redes sociais bloqueadas e foi excluído dos grupos que mantinha com os alunos.

O professor diz que não recebeu explicações da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Inconformados, moradores de Jacutinga fizeram um abaixo-assinado em defesa de Flávio, apoiado por mais de 1.400 pessoas em uma cidade que tem apenas 3.600 habitantes.

No sábado 18, moradores da região protestaram em frente à escola e pediram o retorno do diretor ao cargo. “Hoje, meu objetivo é esclarecer o que aconteceu”, disse Gabardo, em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro. “Tiraram-me da função que mais gosto de fazer, do meu dia a dia. Trabalhava de manhã, à tarde e à noite.”

"Jamais imaginei que tanta gente desconhecida me apoiaria dessa maneira. Mas fico preocupado com meus colegas professores. O que acontecerá se não tivermos a liberdade de ler um artigo de alguém que estava expressando sua opinião sobre o resultado das eleições?"

"Aquele parágrafo traduzia o resultado das eleições. Me sinto preocupado, porque minhas liberdades foram tolhidas. Será que os professores terão de escolher trechos específicos de livros para ler? É difícil estar passando por isso. Estou respondendo por algo que não cometi". O trecho lido por ele no rádio é o seguinte:

“Lula tem a seu favor a escrita das eleições anteriores — desde que o Brasil voltou a ter eleições diretas para presidente, nunca o candidato que teve maioria no primeiro turno deixou de levar também no segundo. Pode contar ainda com o resultado de Minas Gerais; quem ganha em Minas, diz o retrospecto, ganha no Brasil".

"Não é garantido: escrita só vale até ser quebrada, como invencibilidade de time de futebol. Além disso, também Bolsonaro pode esperar pelo passado, já que nunca um presidente no exercício do cargo deixou de ser reeleito. Mas o fato é que a maioria, tal como foi registrada pelo sistema de apuração do ‘tribunal’ eleitoral, tomou a sua decisão. É perda de tempo julgar a qualidade desta decisão; o resultado é o resultado".

"O Brasil do progresso, entre Mato Grosso e Rio Grande do Sul, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, preferiu Bolsonaro. O Brasil da senzala, entre a Bahia e o Maranhão, ficou com Lula. Minas se dividiu e o Norte não tem votos suficientes para fazer diferença".

"Mas o fato é que a maioria está do lado do atraso. Ela achou que é uma boa ideia colocar de novo na Presidência da República um cidadão que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela justiça do seu país. Fazer o quê?” Com Revista Oeste

16:40  |  


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sao pedro