João Roma só vê dois candidatos na Bahia
O ex-ministro de Cidadania, João Roma, afirmou nesta semana que ele é o único candidato de oposição na Bahia. A afirmação foi feita em entrevista à revista Veja. Dono de uma pasta com pouca visibilidade até 2020, a situação mudou com a chegada da pandemia de Covid-19.
O ministério passou a comandar o maior auxílio de governo da história, como forma de compensar os prejuízos causados pelas medidas tomadas pelos governadores, que fecharam empresas e escolas, proibiram as pessoas de trabalhar e até prenderam quem saiu à rua à noite, como o da Bahia, Rui Costa (PT).
No auge da pandemia, Rui colocou o estado em prisão domiciliar, com proibição de sair de casa depois das 18 horas. Mais de 800 trabalhadores foram presos, algemados e levados para uma delegacia por desobedecer a ordem, depois indiciados por "crime de desobediência".
O Auxílio Emergencial e o programa que bancou a folha salarial das empresas foram tocados justamente por João Roma. Depois foi a vez do Auxílio Gás e do novo Auxílio Brasil, que triplicou o valor que cada família recebeia do Bolsa Família. No meio disso, ainda teve a maior enchente da história no sul da Bahia.
Roma conta que Bolsonaro não gostava dos programas de renda como eram antes, uma espécie de esmola permanente, sem opções de saída. Foi o ministro quem convenceu Bolsonaro a implantar seu próprio programa, com capacitação dos beneficiados e várias opções de saída. Ele explica porque tanta resistência da oposição.
"Bolsonaro representa uma mexida de placa tectônica no tabuleiro político brasileiro. Ele tem uma forma muito própria de se relacionar e de projetar o caminho das ações do governo. Isso propiciou um governo que não fosse estabelecido em concordâncias e harmonizações. É um governo que tem como premissa a fricção".
Perguntado por Veja por que o programa não se reverteu em reconhecimento a Bolsonaro, ele discordou. "Tivemos uma melhora nos índices do presidente. Sobre pesquisa, fica a máxima: se Bolsonaro acreditasse em pesquisa, ele não seria hoje presidente da República".
"Os beneficiários do Bolsa Família, que eram muito vinculados ao Lula, hoje veem a fila do programa zerada, o valor do programa triplicado e com perspectivas de saírem da situação de pobreza em que se encontram. Eles querem voltar ao passado?"
João Roma lembra que Bolsonaro fez de tudo para cuidar da pandemia sem desculdar da economia. "O presidente, desde o princípio, disse que precisávamos cuidar da saúde e da economia. O “fique em casa” gerou consequências adversas para a sociedade. O governo federal fez de tudo e não faltou à população brasileira".
Roma diz que Bolsonaro tem um jeito de se expressar "muito rude de vez em quando". Para ele, é como "um carro que não tem caixa de marcha, vai direto, é extremamente espontâneo. Bolsonaro não consegue sequer fazer silêncio sobre uma coisa que ele não precisava comentar".
"Essa é a essência dele e isso provoca ruídos, algumas confusões, quedas de braço, como as que se veem com o Judiciário. Não posso atestar se é uma coisa direcionada, mas percebo um crescente ativismo judicial. E nenhum país consegue evoluir, superar suas dificuldades se não estiver no plano de segurança jurídica".
Para João Roma, o Judiciário não tem dado bons exemplos. "Parece que cada ministro do Supremo rasgou uma página da Constituição e a colocou debaixo do braço. O ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, atua como autor, investigador e julgador. Ele é tudo dentro do processo."
O ex-ministro diz que o sistema está desequilibrado e isso não é bom. "Precisamos reequilibrar a tripartição dos poderes com o protagonismo do Legislativo. Não sei se o Legislativo consegue mais estabelecer esse equilíbrio porque talvez já tenha passado do Cabo da Boa Esperança".
"O gigantismo do Judiciário é tamanho que permite, inclusive, que eles desfaçam o espírito das leis e gerem personalismos". Roma critica o aumento do tom e afirma que isso não traz benefícios para a sociedade. "Acho que as funções que determinado ministro exerce estão muito além das fronteiras da nossa legislação".
Ele considera que tudo isso vai estar na eleição estadual,. inevitav4elmente ligada à polarização entre o ex-presidiário Lula e o presidente Bolsonaro. "Qualquer um aqui pode estar até em aniversário de bonecas, mas vai falar de política, seja do que alguns chamam de genocida, seja do que outros chamam de nove dedos".
Nesta parte da entrevista à Veja, João Roma supreende com sua visão da disputa, ao dizer que não é terceira via, porque só existem duas candidaturas. A dele, ligado a Bolsonaro, e a de JerônimoSouza e ACM Neto, que ele enxerga como uma só, ambos dispostos a trabalhar com Lula.
"Eu sou o único opositor ao governo petista do Estado", diz. Em sua conta no Twitter ele deu como exemplo uma foto tirada na semana passada em um evento do PT, onde ACM Neto aparece sorridente ao lado de Jerônimo Souza, que faz o L com os dedos.
Roma critica ACM Neto por querer se afastar de Bolsonaro alegando que ele tem mais de 60% de rejeição. "É uma falácia". Neto também diz que não é adversário de Lula, "o que significa que o plano dele não é se opor ao PT. Ele está se matando, deixando o papel de liderança e fazendo o pior caminho da política". Com dados da Veja.
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