Médicos suficientes, mas mal distribuídos

O Brasil contabiliza 546 mil médicos ativos, uma proporção de 2,56 por mil habitantes. O número, segundo os conselhos regionais de Medicina, mais que dobrou nos últimos 20 anos. Para o Conselho Federal de Medicina, o crescimento do número de escolas na última década levou a um aumento sem precedentes de profissionais.

“Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, em 2028, o país contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento”, avaliou o CFM.

O índice brasileiro já é compatível com o de países como Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7), Japão (2,5) e Coreia do Sul (2,5). Com o incremento esperado, em cinco anos o Brasil deve ultrapassar Nova Zelândia (3,4), Irlanda (3,3), Israel (3,3), Finlândia (3,2), França (3,2), Bélgica (3,2) e Reino Unido (3).

Para o CFM, o Brasil possui médicos ativos, com registro nos CRMs, em número absoluto suficiente para atender às necessidades da população. Mas, apesar do significativo contingente e um dos maiores do mundo, ainda há um cenário de desigualdade na distribuição e fixação desses profissionais e também no acesso a eles.

Os dados apontam que a maioria permanece concentrada no Sul e Sudeste, capitais e grandes municípios. Nas 49 cidades com mais de 500 mil habitantes, que concentram 32% da população, estão 62% dos médicos. Já nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, onde vivem 65,8 milhões de pessoas, estão pouco mais de 8%.

Apesar de juntas responderem por 24% da população do país, as 27 capitais reúnem 54% dos médicos. Por outro lado, vivem no interior 76% da população e 46% dos médicos ativos. Os números mostram ainda que as capitais têm uma média de 6,21 médicos por mil habitantes contra um índice de 1,72 no interior.

As diferenças aparecem nas regiões. No Norte, vivem 8,8% da população e 4,6% dos médicos. O Nordeste abriga 27% dos brasileiros e 18,5% dos médicos. O Sudeste tem 42% da população e 53% dos profissionais. O Sul e o Centro-Oeste abrigam 14,3% e 7,8% da população e têm 15,7% e 8,4% dos médicos do país.

Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, o país conta com diversas escolas de medicina “sem a menor condição de funcionamento”. Ele citou Rondônia, com oito faculdades de medicina, cada uma formando entre 100 e 150 profissionais por ano. "Fica muito difícil esse médico sair com uma boa formação.”

“Não adianta colocarmos médicos bem formados nesses 5,55 mil municípios do Brasil sem ter infraestrutura de trabalho, leitos, equipamentos, medicamentos, acesso a exames e apoio de equipe multiprofissional”, disse. “O CFM não aceita dois tipos de medicina: uma para o rico e outra para o pobre”.

O coordenador do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas do CFM, Donizetti Giamberardino, defende a elaboração de políticas de fixação do profissional de saúde em cidades de difícil provimento. “Os documentos sempre demonstraram que, mesmo formando mais médicos anualmente, a má distribuição persistiu".

“Precisamos de um financiamento adequado, de uma avaliação adequada de recursos, de uma política de fixação do médico e outros profissionais em cidades de difícil provimento”, disse, ao defender uma política de integração. “Não podemos confundir a desejada descentralização com a municipalização de sistemas”. Com Abr

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