2022 foi bom, mas 23 preocupa ACSP

No segundo semestre do ano passado, o varejo paulistano cresceu 7,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Comercial de São Paulo. "O crescimento ocorreu por causa dos programas de transferência de renda, aumento do emprego e recuperação da confiança dos consumidores".

Considerando todo o ano de 2022, houve retração de 2,4% em comparação ao ano de 2019. A base de comparação utilizada foi o ano de 2019 porque corresponde ao período pré-pandemia, antes que o comércio precisasse ser fechado, supostamente para se evitar a propagação da Covid.

A expectativa da ACSP para as vendas do varejo deste ano são modestas, de alta de 1,5% sobre 2022. Os juros elevados, a alta da inadimplência das famílias e a queda na renda impedem projeções mais otimistas. A perspectiva é que esses fatores vão limitar o crescimento do setor, especialmente no primeiro semestre.

No segundo semestre as vendas devem acelerar um pouco, sustentadas principalmente pelo Bolsa Família e pela disponibilidade de crédito. Mas não devem deslanchar por conta do elevado nível de endividamento do brasileiro e dos juros proibitivos.

Apesar de o novo governo ter anunciado uma série de medidas fiscais, elas não garantem tranquilidade aos agentes econômicos no médio e longo prazo, de acordo com Marcel Solimeo, economista da ACSP. “Não parecem ser suficientes para estimular o Banco Central a baixar os juros”.

O comércio tem moderado suas projeções também pela frustração com o desempenho do ano passado. Depois de um longo período de restrições às atividades econômicas motivadas pela pandemia de covid-19, parecia que 2022 seria um ano de forte recuperação das vendas. Mas até novembro a alta é de 1,1%.

Segundo Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP, ainda há desconfiança entre os empresários com relação aos planos do novo governo. “Não há clareza sobre o que pretendem fazer na economia, e isso faz com que os empresários segurem seus investimentos”.

Segundo Cotait, as primeiras sinalizações preocupam, como as mudanças no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), reestabelecendo o voto de desempate favorável à União, em prejuízo ao contribuinte. “Essa alteração foi feita por meio de um decreto, sem contestações da sociedade. Isso é ruim".

O presidente da ACSP também disse que há incertezas sobre a reforma tributária que o governo Lula pretende fazer. “Qual será essa reforma? As que estão sendo discutidas no Congresso, PEC 110 e a 45, vão aumentar a carga tributária para o Comércio e Serviços. Se forem essas as reformas, melhor deixar como está hoje”.

Para o dirigente, uma boa sinalização do novo governo aos empresários seria discutir a reforma administrativa antes da reforma tributária. “Deveriam trabalhar os corte de gastos, mas o que a PEC da Transição aponta é que se pretende elevar os gastos e contrabalançar isso com aumento de receita (mais impostos).”

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