PF captura o assassino Marcos Gomes

A Polícia Federal cumpriu o mandato e capturou o foragido Markson Monteiro de Oliveira, o "Marcos Gomes" e o ex-servidor da Prefeitura de Itabuna Ilmar Marinho, o "Mazinho". Marcos, filho do falecido prefeito Fernando Gomes, foi preso em São Cristóvão, Sergipe, e Mazinho em Ilhéus.

Marcos Gomes foi condenado a 13 anos de prisão por torturar, manter em cárcere privado e assassinar o vaqueiro Alexsandro Honorato em 2 de dezembro de 2006, no Haras Redenção, em Floresta Azul. A prisão foi ordenada pela Juíza Juliana Machado, da comarca de Ibicaraí. A impunidade já durava 16 anos.

Marcos Gomes foi condenado à revelia, porque estava foragido, em 2006, por sequestrar, manter em cárcere privado, torturar, matar com três tiros e esconder o corpo de Alexandro Honorato. Foragido por 14 anos, ele circulava livremente em Itabuna sem nunca ter sido incomodado pela polícia.

Ele chegou a coordenar a campanha política do pai sob os olhos da PM e da Polícia Civil. Quando o STF decidiu que qualquer mandado de prisão devia ser executado na pandemia, o dele, de 2017, foi cumprido. Mas durou pouco. Em 20 de outubro, ganhou a ajuda de uma decisão do juiz Alex Venícius Campos.

O magistrado decidiu que o mandado só foi incluído no sistema nacional depois da decisão, por isso não devia ser levado em consideração. Disse ainda que o assassino condenado "não praticou mais nenhum delito ou qualquer outro fato que represente ameaça à ordem pública".

Resumindo, o sequestrador. torturador e assassino condenado não representava ameaça à sociedade. Nem precisava cumprir a pena à qual foi condenado porque depois disso não cometeu outro crime. O Ministério Público apelou ao Tribunal de Justiça da Bahia.

O desembargador Julio Cezar Lemos mandou o bandido de volta para a cadeia no dia 5 de novembro. Ele usou boa parte de sua decisão para criticar o juiz Alex Venícius Campos, por não ter competência para mudar o tipo de prisão e por "fantasiar" motivos para beneficiar o homicida.

Lemos escreve: "considerando a evidente incompatibilidade da realidade com a descrição imaginada pelo magistrado Alex Venícios Campos, bem como a nítida ausência de fundamentação jurídica idônea para a concessão da prisão domiciliar" ordena que ela seja "imediatamente revogada".

Porém, no dia 19 de novembro, os 8 advogados que defendem Marcos Gomes conseguiram com o ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião Reis Júnior uma liminar determinando a soltura dele. A nova prisão, ordenada pela juíza Juliana Machado pode não durar, mas alivia quem cobra o fim da impunidade.

O caso do vaqueiro assassinado por Marcos Gomes foi abafado na imprensa do sul da Bahia, por ser filho do prefeito, com exceção do jornal A Região, que deu início à investigação ao repassar uma denúncia ao delegado Nélis Araújo, então coordenador da Coorpin de Itabuna. E acompanhou cada passo.

"Recebi ligação de um homem, preocupado porque o filho tinha ido numa vaquejada no Haras Redenção e desaparecido", conta nosso editor, Marcel Leal. "Ele suspeitava que alguma coisa teria acontecido na festa. Liguei para Nélis e repassei a informação. Ninguém poderia imaginar o desfecho disso".

Em entrevista exclusiva ao A Região, ao ser perguntado se este era o caso mais polêmico e difícil da sua carreira, Nélis respondeu que "ao contrário. Não vi qualquer grau de dificuldade no inquérito, dado que a materialidade delitiva e autoria logo restaram provadas. Quanto à polêmica, soubemos administrá-la".

Sobre narrativas da defesa, Nélis contou que "desde o início as dezenas de testemunhas relataram que as pessoas permaneceram de forma ordeira na festa. Na exumação, pude perceber que as lesões foram isoladas e provenientes de um único instrumento contundente e dos disparos de arma de fogo".

"Além disso, a vítima permaneceu amarrada por horas dentro da casa de um trabalhador rural. Descarto totalmente a possibilidade de linchamento". O vaqueiro foi amarrado com um arreio, espancado com golpes de chicote e pontapés dentro do Haras Redenção, de propriedade da família Gomes.

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