"Cipe já entrou no quarto atirando", diz PM

Uma operação desastrada da Cipe Cacaueira resultou na morte de um subtenente da Polícia Militar em Itajuípe. Ele foi baleado na noite de terça-feira, depois que a Cipe supostamente recebeu a denúncia de que existiam homens armados numa pousada da cidade. Só que os dois eram policiais.

O subtenente Alberto Alves dos Santos e o sargento Adeilton Rodrigues D’Almeida (foto), que foi ferido na ação e internado, estavam hospedados em um hotel porque iam fazer a segurança do candidato ao governo da Bahia ACM Neto, que visitaria Coaraci nesta quarta. A agenda foi cancelada depois do crime.

Na versão dos atacantes, a Cipe buscava assaltantes de banco e abordou quatro homens na pousada. Dois não reagiram e os outros dois atiraram contra a guarnição, atingindo dois soldados. No confronto, o subtenente foi morto e o sargento ferido gravemente.

Num vídeo em redes sociais, o sargento D'Almeida garante que não houve confronto algum. Ele conta que os policiais da Cipe arrombaram uma janela e a porta do quarto, onde já entraram atirando. E que recebeu dois tiros ainda quando estava dormindo, cansado da viagem.

“Estava dormindo e recebi o tiro. Eu fui alvejado duas vezes. Os policiais entraram quebrando as janelas e as portas, mesmo eu gritando o tempo todo ‘sou polícia, sou polícia’ e ainda assim me alvejaram mais três vezes”, afirma Adeilton Rodrigues, que está internado em um hospital de Itabuna.

Ele afirma que pediu, reiteradamente, para ser socorrido e foi ignorado. "Pegaram minha arma e efetuaram vários disparos dentro do quarto, me deixaram encostado na parede, o tempo todo mandando ficar calado". Os tiros provavelmente foram disparados para "confirmar" a versão de resistência.

A Corregedoria da Polícia Militar está em Itajuípe para apurar o caso, inclusive a suposta fuga do assaltante de banco que teria originado a ação da Cipe. A PM diz que lamenta o confronto e está solidária com as famílias. Ela promete apurar o caso e recolheu as armas usadas no tiroteio.

Uma pergunta é por que os PMs abririam fogo contra a Cipe? Que motivo teriam para isso? O relato do sargento joga suspeitas sobre a Cipe, que vão desde queima de arquivo a execução a mando. O caso é muito estranho e o Ministério Público deveria acompanhar a investigação interna da Polícia Militar.

A ação da Cipe lembrou a execução do soldado Wesley no Farol da Barra em Salvador. Ele foi fuzilado pelos colegas, mesmo quando já estava caído, depois de protestar publicamente contra as ordens do governador Rui Costa, de prender qualquer cidadão que estivesse na rua depois das 18h.

Durante meses, os baianos sofreram o equivalente à prisão domiciliar, proibidos de sair de casa depois das 18h. Quem era flagrado na rua sofria o cosntrangimento de ser tratado como bandido, levado algemado para uma delegacia. Mais de 900 trabalhadores, ambulantes e donas de casa foram presos no período.

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