Mulheres ainda usam menos a internet

A semana começa e os clientes da doceira Lida Ribeiro recebem, por lista, mensagem motivacional. Foi essa a estratégia que ela adotou na internet para os negócios: “Todos os domingos mandava uma mensagem para começar a semana bem, com positividade. E daí vinham sempre três ou quatro encomendas”, conta.

A proprietária de A Mineira Doceria Gourmet considera a internet importante aliada nas vendas. Agora, as mensagens motivacionais deixaram a lista de transmissão e são postadas no status. Pelas redes sociais, ela recebe atualmente pelo menos 90% dos pedidos.

A internet também é o instrumento de trabalho da empreendedora digital Tayane Andrade, que chega a trabalhar até 14 horas por dia quando precisa executar um projeto. “É um mundo muito rico em questão de conteúdo. Um mundo que dá para trabalhar e se sustentar”.

Tanto Elida quanto Tayane não são regra entre as mulheres brasileiras. Apesar de estar mais conectadas à internet que os homens, as mulheres ainda usam menos a rede para trabalhar ou estudar, segundo a pesquisa Mulheres e Tecnologia - Dados sobre o acesso feminino a Tecnologias da Informação e Comunicação.

Feita pela plataforma Melhor Plano, ela mostra que 85% das mulheres de 10 anos ou mais são usuárias de internet. Esse percentual entre os homens é menor, 77%. Apesar disso, elas usam menos para trabalhar. Em 2020, em meio à pandemia, 32,47% delas usou a internet para o trabalho. Entre os homens, 44,16%.

As redes sociais entraram na rotina de Elida por causa de um cliente. Em Brasília, ela fazia doces e levava para vender nos bares. Um cliente a ajudou a criar perfis nas redes sociais e ela passou a postar onde estaria fazendo as vendas. Logo, passou a receber encomendas online e a ampliar os negócios.

Elida contratou funcionárias e, quando veio a pandemia, já estava estabelecida de forma online. Ela diz que isso foi fundamental. “A minha mãe dependia de as pessoas comprarem, comerem e gostarem. Hoje, tem essa ferramenta gratuita que é Instagram”, diz Elida, que aprendeu a fazer bolos e doces com a mãe e a avó.

“Os nossos doces são cem por cento artesanais e feitos diariamente. A gente tira várias fotos. O cuidado que temos é se olhamos a foto e temos vontade de comer. É a primeira coisa. Tem vontade de comer? Se sim, divulgo e, se não, nem divulgo”.

Para Tayane também foi fundamental o trabalho online, sobretudo na pandemia. “Essa pandemia não teve coisa boa, mas se tenho alguma coisa a agradecer desse tempo que fiquei em casa é justamente saber que mundo digital existe. É um privilégio”.

Tayane dava aulas de empreendedorismo para mulheres. As aulas passaram a ser online na pandemia. Foi aí que ela percebeu toda a dificuldade enfrentada por outras mulheres, que iam desde a falta de dinheiro para comprar pacotes de conexão, falta de equipamentos a até falta de tempo e de prioridade para se dedicar aos estudos.

Como às vezes a família tinha um único celular, "a preferência era de quem trabalhava na rua ou era do marido, nunca dela”, diz. Quando conseguiam passar muito tempo em frente às telas, se dedicando aos estudos, parecia que estavam fazendo algo errado.

“Elas se sentiam um pouco desconfortáveis de passar tanto tempo dedicadas ao negócio porque era estranho e parecia que não estavam fazendo nada. No início, eu mesma me incomodava com isso também e, se não cuidar, até hoje a gente se incomoda porque parece que não está fazendo nada".

"Mas é tão trabalhosa quanto qualquer outra atividade, às vezes até mais”. Hoje, Tayane deixou de dar aulas e se dedica ao próprio negócio, em que oferece mentorias e trabalha com marketing digital. Com Abr

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