Ataques à mídia cresceram 21% em 2021

Pelo menos 230 profissionais e veículos de comunicação sofreram algum tipo de ataque em 2021. O número representa um aumento de 21,69% em relação a 2020. Os dados estão no Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão, apresentado nesta semana.

“A violência sistemática contra o jornalismo crítico e independente tenta minar, sem sucesso, a credibilidade da imprensa profissional, barreira eficiente contra a propagação de notícias falsas e parte fundamental para as democracias. A liberdade de imprensa não aceita retrocessos”, afirmou o presidente Lara Resende.

Ao todo, foram registrados 145 casos de violência não letal em 2021. Desde que a ABERT começou a monitorar os casos de violações à liberdade de imprensa e de expressão no Brasil, em 2012, esta foi a segunda vez sem registros de assassinato de jornalistas pelo exercício da profissão.

Nesta primeira década de monitoramento, apenas em 2019 e 2021 a imprensa brasileira não foi atingida por violência letal. Ainda assim, a ABERT acompanha os desdobramentos do assassinato do radialista Weverton Rabelo Fróes, o Toninho Locutor, em abril de 2021, executado com seis tiros em Planaltino (BA).

A polícia local continua investigando a autoria e a motivação do crime. Já os atentados – oito, no total – chamam a atenção não apenas pelo aumento significativo no número de casos, que dobrou em relação ao ano anterior, mas pela maneira como foram executados, muitas vezes com o uso de armas de fogo.

Como em 2020, as ofensas tiveram o maior registro de ocorrências em 2021. Foram 53 relatos, envolvendo pelo menos 89 profissionais e veículos de comunicação, um aumento de 30,88% no número de vítimas. Em quase sua totalidade (92,45%), os ataques partiram de políticos ou ocupantes de cargos públicos.

Em seguida, estão as agressões, com 34 casos, envolvendo pelo menos 61 profissionais, vítimas de chutes, pontapés, socos e tapas – um aumento de 3,39%. Os homens representaram a maioria das vítimas (80,33%). Em 62,22% dos casos, equipes de TV foram as mais atingidas.

As intimidações também tiveram destaque, com 26 casos, o que equivale a um aumento de 4% em relação a 2020. O número de vítimas aumentou consideravelmente: pelo menos 43 profissionais tiveram o trabalho interrompido, foram recebidos aos gritos ou mesmo impedidos de continuar cumprindo o dever de informar.

O número é 43,33% superior ao contabilizado no relatório passado. Mais de 58% dos profissionais atacados eram homens. Manifestantes e políticos ou ocupantes de cargos públicos foram os principais autores das intimidações à imprensa.

A exemplo dos relatórios anteriores, as decisões judiciais – no total de 29 – não entraram na contabilização de violência não letal. Uma decisão a se lamentar, segundo o CEO deste jornal A Região, de Itabuna, Marcel Leal. "Os maiores atentados contra a liberdade de imprensa vieram do Supremo Tribunal Federal", afirma.

Ele lembra as decisões tomadas pelo STF, como o bloqueio de jornalistas nas redes sociais, o cancelamento de canais, a proibição de jornalista postar online, culminando com a suspensão do Telegram. "São medidas autoritárias, sem suporte em nenhuma lei do país. Hoje temos medo de noticiar e ser cancelados".

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