Bairro de Ilhéus continua submerso

A semana continua trágica no bairro de Sambaituba, na zona rural de Ilhéus. No domingo (26), os moradores acordaram com a água invadindo ruas e casas. As fortes chuvas que caíraam no estado provocaram a cheia do Rio Almada e transformaram Sambaituba em um bairro parcialmente submerso.

O barco se tornou o principal meio de transporte no local. Nesta sexta-feira (31), a enchente está recuando, mas as casas mais próximas do rio estão com a água na altura do telhado. Em outras ruas, onde a água também chegou nas telhas, ela já baixou. Na maior parte do bairro ainda se anda de barco ou com água na canela.

“A minha rua se encontra com nível de água alto. Da minha casa eu não pude retirar nada, porque à medida que ia chovendo, a água subia muito rápido, o nível se elevava muito rápido. Então, saímos de lá com a roupa do corpo”, conta Thainara Santos, 26. Ela, o marido e o filho de 7 anos estão abrigados em uma escola local.

De muitas casas ainda só se vê o telhado. Aos moradores de casas de dois andares, restou a mudança para o pavimento superior, junto com os móveis do primeiro andar. Mas muitos não tiveram essa opção. Um morador da cidade, ao perceber que a água tomou as ruas mais próximas ao rio, foi até o local para oferecer ajuda.

Encontrou um casal de idosos e os ajudou no resgate e na retirada de alguns móveis. Quando retornou, viu sua própria casa já tomada pela água. Foi a vez dele precisar de ajuda. “O que está nos mantendo alimentados e vestidos são as pequenas ONGs, é a solidariedade do povo. O povo é que nos ajuda”, disse Thainara.

Ela e outros moradores relataram que a enchente trouxe à tona uma solidariedade entre os moradores. Muitos ajudando os outros na retirada dos móveis e acolhendo quem teve sua casa submersa. “A gente está passando uma situação muito difícil com a enchente. Desde domingo que estamos ilhados, sem poder sair".

"Muita gente está desabrigada, mas tem muita gente ajudando, helicópteros trazendo comida para a população e o povo está se virando como pode”, disse José Carlos Nascimento, 51. Ele também precisou deixar sua casa, onde a água invadiu e subiu cerca de um metro.

Com a trégua da chuva e o lento recuo das águas, ele confia em uma melhora do cenário nos próximos dias. “As águas começaram a baixar. Espero que daqui uns quatro ou cinco dias a gente esteja em uma situação mais confortável”.

Não bastasse a fúria da natureza, a ação de ladrões traz uma preocupação extra àqueles que precisaram deixar suas casas. Saqueadores estão aproveitando as casas vazias para roubá-las. “A nossa situação é lastimável, estamos isolados, ilhados. E além do medo de chover novamente, do nível da água elevar, temos o receio das nossas casas serem arrombadas, porque é o que está acontecendo aqui em Sambaituba”, acrescenta Thainara.

Alimentos e cobertores, entre outros itens, estão chegando. Helicópteros do Corpo de Bombeiros e da Marinha levam doações. A prefeitura também tem colaborado com cestas básicas e quentinhas, mas alguns moradores reclamam da lentidão dela em oferecer apoio, além da burocracia.

Isso porque o governo municipal decidiu fazer um cadastramento das famílias que necessitam de ajuda e muitos moradores estão sem os documentos, que ficaram nas casas tomadas pela água. A prefeitura informa que o formulário “visa mapear a situação da população afetada e de maior vulnerabilidade, seu perfil".

A reportagem questionou a prefeitura de Ilhéus sobre as providências a respeito da assistência emergencial aos moradores, bem como a possíveis auxílios aos que perderam móveis e eletrodomésticos, além de providências em relação aos saques denunciados pelos moradores. Mas até o fechamento desta matéria não recebeu resposta.

Em um boletim divulgado na terça-feira (28), o município tinha 946 pessoas desabrigadas acolhidas em 18 escolas municipais que recebem as pessoas que tiveram que sair de casa e que dependem de um abrigo provido pelo poder público. Somente em Sambaituba são 330 pessoas acolhidas na escola local.

Segundo a responsável da prefeitura pelo recebimento de doações, Luana Messias, existe necessidade de alimentos, colchonetes, itens de higiene pessoal, material de limpeza e medicamentos como dipirona, loratadina e paracetamol. Com Abr

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