Isolamento mudou o consumo de café

O isolamento social durante a pandemia de Covid-19 fez apreciadores de café aprenderem diferentes formas de reproduzir em casa a experiência de consumir cafés especiais em uma cafeteria, e esse é um hábito que veio para ficar, segundo James T. McLaughlin Jr, presidente da Intelligentsia Coffee.

O empresário, da companhia americana focada na inovação em cafeterias e cafés especiais, participou da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, e apresentou sua visão sobre os rumos do mercado cafeeiro americano e mundial. Para McLaughlin Jr., a pandemia acelerou mudanças que eram inevitáveis.

Um exemplo é o aumento da venda de café pela internet. Isso obrigou as marcas a criar formas de se conectar com um público que parou de ir no balcão da cafeteria, mas mergulhou nas técnicas de preparo. "Essa é uma oportunidade. Consumidores bem educados, que sabem preparar o café, que são curiosos sobre cada café diferente que temos".

Com a flexibilização do isolamento e a manutenção de muitos trabalhadores em home office, as cafeterias em áreas residenciais passaram a ter uma grande procura e essa é outra tendência que James acredita ser permanente. Uma terceira aposta é nos formatos de café convenientes e fáceis de preparar, desde que se preserve a qualidade.

"Não devemos temer a mudança, é preciso abraçá-la", disse ele, que vê nas vendas pelas internet e plataformas digitais uma grande oportunidade de contar a história dos produtos, de uma forma que um barista não conseguiria fazer no balcão de uma cafeteria com uma fila de clientes.

O especialista em bebidas Rodrigo Mattos, do instituto de pesquisa Euromonitor, avalia que a queda no consumo de café aqui foi menor que em outros países, porque o Brasil já tinha uma tradição forte de consumo em casa. Mattos vê um maior espaço para os cafés especiais, e acrescenta que cafés solúveis de melhor qualidade vivem uma expansão.

"Apesar de a gente ter um mercado super dinâmico e maduro de café, ele ainda tem espaço de crescimento, tem espaço de inovação". Em um cenário de inflação e perda de poder de compra do consumidor, ele destaca que o consumo de grãos diferenciados sofreu um forte impacto em 2020 e 2021 e deve levar anos para se recuperar.

"Isso prejudica um pouco o mercado de café, que estava se movimentando na onda de cafés especiais e de melhor qualidade", avalia. O pesquisador ressaltou que o mercado brasileiro é o maior do mundo, com uma participação de cerca de 14% no consumo mundial de café.

"835 xícaras por ano é a média do consumo de uma pessoa no Brasil, e faz sentido quando a gente pensa em duas xícaras e um pouquinho por dia. Até 2025 isso deve ir para 1.050 xícaras, mostrando que tem espaço para crescimento".

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