História do Bahia é contada em cordel

Mais difícil que criar uma nova história é saber contar uma que já existe. A poesia e as rimas de Elton Magalhães desfilam em campo aberto num enredo constantemente revisitado, muito embora, a partir do seu toque particular, ganhem roupagem puramente original. É o livro “Épico esquadrão”, de Elton Magalhães.

Ele será lançado neste sábado, na Loja Esquadrão. É a história do Esporte Clube Bahia contada através do cordel. Os 90 anos do Bahia, suas glórias, epifanias, desgraças e tragédias são conhecidas do torcedor. A tenacidade na qual o cordelista busca recontá-las, no entanto, garantem um toque de camisa 10, daqueles que jogam solto.

Sem fugir da métrica perfeita, da nobre arte de Patativa do Assaré, Elton intervala suas firulas no jogo de palavras e demonstra zelo pelos mínimos detalhes. Já no título “Épico Esquadrão”, a aliteração dá conta da dimensão da epopeia a ser narrada.

Há de se destacar também o trabalho de pesquisa em recontar, por década, momentos fundamentais na consolidação do EC Bahia, de uma origem aristocrática à uma agremiação que arregimenta uma torcida apaixonada, fascinada pelas cores azul, vermelha e branca e capaz de fazer vibrar do Campo da Graça à Arena Fonte Nova, num espetáculo radioso.

Falar desta massa do Bahia, que encarna o ato de torcer como uma devoção sacra, não faz muito sentido sem tocar em temas religiosos. Desta maneira, o cordelista se desfaz da condição de autor, logo no segundo verso, para evocar a proteção ao Senhor do Bonfim (também Oxalá) e ter inspiração no que virá a escrever.

Os heróis estão laureados no panteão dos deuses. Marito, Beijoca, Zé Carlos, Bobô e o até Raudinei têm suas façanhas narradas com afinco. Os títulos nacionais de 1959 e 1988, a campanha do hepta estadual (até hoje um recorde), de 1973 a 1979, e até a (re)conquista da Copa do Nordeste, de 2021, pululam entre rimas, gaiatices, provocações e amor.

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