Cálculo renal aumentou nas crianças

Cálculo renal, litíase e pedra nos rins são diferentes nomes para uma mesma doença que, até há algum tempo, era considerada tipicamente de adultos. Contudo, o crescimento progressivo do transtorno em crianças e adolescentes tem variado de 6% a 10% a cada ano.

Embora possa ser causado por fatores genéticos e anormalidades do trato urinário, o problema tem sido cada vez mais associado a uma alimentação rica em sódio (sal), entre outras mudanças no estilo de vida, explica o urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans.

“O consumo crescente de alimentos industrializados, aliado ao sedentarismo e à ingestão de água abaixo do recomendado explicam o número crescente de diagnósticos da doença em faixas etárias iniciais”. O alerta se baseia em estudos concluídos ou em curso.

Um deles, feito por pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, revelou que adolescentes obesos tem 2,5 vezes mais chance de apresentar cálculos renais. “Achados significativos de estudos atuais relacionam os cálculos ao aumento do número de crianças com alterações metabólicas".

"Isso reforça a necessidade de uma avaliação laboratorial completa em crianças”, destacou Calazans, urologista nos Hospitais Aliança, Português, da Bahia e Cardiopulmonar, em Salvador, e coordenador do serviço de Urologia do Hospital Santo Amaro e do Hospital Estadual da Criança (Feira de Santana).

Alimentos muito ricos em sal, como salgadinhos e hambúrguer, provocam aumento da eliminação do cálcio nos rins. Para retirar o sódio em excesso, o organismo também passa a eliminar mais cálcio que, em forma de cristais, quando presentes em grande quantidade, podem se aglomerar e formar pedras.

Além disso, determinadas proteínas, gorduras e açúcares em excesso, provenientes de uma dieta desequilibrada, também contribuem para a formação das pedras nos rins. Refrigerantes e sucos artificiais, ricos em sódio e corante, estão relacionados com o aumento na formação dos cálculos e devem ser evitados.

Para prevenir a doença, “além da adoção de uma alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares, a ingestão de pelo menos um litro de água por dia deve fazer parte da rotina das crianças”. Os sintomas da litíase são variados e podem incluir dor abdominal, sangramentos na urina ou infecções urinárias.

Porém, nem sempre o paciente infantil consegue relatar com precisão o episódio doloroso. Após a confirmação do cálculo por exames de imagem, deve-se prosseguir a investigação com uma avaliação metabólica através de exames de urina e sangue, além da avaliação da função renal.

De acordo com Calazans, crianças acometidas por cálculos têm maior probabilidade de perder parte da função do rim ou desenvolver cicatrizes renais do que os adultos. Por isso, é fundamental consultar um urologista em caso de suspeita com a máxima brevidade possível.

O tratamento conservador (não cirúrgico) é, habitualmente, a primeira escolha em crianças com pequenos cálculos renais e ureterais, pois são altas as taxas de eliminação espontânea. “Nesses casos, recomendamos o reforço na hidratação, o tratamento da infecção urinária, a restrição ao sal e o controle dos distúrbios metabólicos”.

No caso de cálculos ureterais, atualmente tem-se utilizado a terapia medicamentosa expulsiva para acelerar a migração dos cálculos ou seus fragmentos. O manejo cirúrgico dos cálculos urinários, tanto em adultos quanto em crianças, é feito por litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO).

A escolha da terapêutica mais adequada depende de fatores como a idade da criança, a anatomia do trato urinário, a existência de alterações metabólicas associadas e a localização dos cálculos. “Nos cálculos renais menores e ureterais não complicados, a primeira opção sempre será a do tratamento conservador".

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