Bahia fracassa na atividade portuária

Segundo dados do painel Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a movimentação de cargas do setor portuário brasileiro cresceu 9,23% durante os cinco primeiros meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, movimentando 484,7 milhões de toneladas.

Na Bahia, porém, a situação é bem diferente. Segundo os dados da Antaq, a movimentação de cargas nos portos baianos caiu 22%, indo no caminho inverso do resto do país. A falta de uma logística de transporte terrestre que envolva um modal ferroviário é um dos motivos para essa discrepância entre país e estado.

A Bahia tem 10 portos/terminais sem acesso ferroviário, o transporte considerado ideal para cargas, uma vez que garante maior eficiência e segurança do que o rodoviário. O exemplo mais recente das dificuldades impostas por essa carência é o estaleiro da Enseada, em Maragogipe, que está ampliando sua área de atuação para o minério.

Apesar da expectativa de atingir uma movimentação próxima a 2 milhões de toneladas nos próximos anos, estes números representam 20% da capacidade de operação do terminal. O que falta para explorar ao máximo a capacidade do porto é justamente o trem.

Recursos minerais se tornam economicamente mais viáveis com a disponibilidade da malha ferroviária. Clientes do estaleiro estão tentando buscar um entendimento com a VLI, que administra a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), para viabilizar melhorias no trajeto, que passa por Cachoeira, a 60 quilômetros de Maragogipe.

Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, a Bahia não pode ter tantos portos sem trem. “Duas providências para melhorar a situação logística baiana se arrastam há muito tempo, sem que nenhuma solução seja tomada".

"São elas a construção da variante de 22 km ligando o Polo Industrial de Camaçari ao Porto de Aratu; e o contorno das cidades de Cachoeira e São Félix, para evitar o tráfego pela Ponte D. Pedro II”, pontua. “A ANTT precisa fiscalizar a ação da VLI e garantir que a empresa cumpra com os compromissos que a concessão exige”.

A Bahia depende de caminhões para escoar as cargas de suas principais mineradoras, bem como para o transporte de combustíveis, frutas e produtos do agronegócio. Nos últimos anos, cerca de 620 km da malha foram desativados, como os trechos Senhor do Bonfim-Juazeiro, Esplanada-Propriá, Mapele-Calçada, e parte do Porto de Aratu.

Enquanto a malha ferroviária baiana segue sucateada, a FCA/VLI pleiteia uma renovação do contrato de concessão por mais 30 anos. "Essa prorrogação não pode ser concedida até que tenhamos respostas da ANTT sobre o que a FCA/VLI fez pelo nosso desenvolvimento durante os últimos 25 anos de outorga," diz Trann.

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