Capitão questiona ação da PM baiana

Em entrevista para o portal Terça-Livre, o deputado estadual e Capitão da Polícia Militar da Bahia Alden da Silva questionou o comportamento da PM na morte do soldado Wesley Soares Góes (foto), executado por dezenas de tiros de fuzil pelos colegas do Bope quando protestava no Farol da Barra.

“Eu não posso deixar de falar que grande parte da imprensa baiana tem tentado construir uma imagem de um monstro, de um terrorista, de um indivíduo surtado, e isso não é a verdade”, afirma. “Embora tenha praticado tal ato, ele foi extremamente coerente em seu discurso. O que ele disse, de fato, tem peso e precisa ser ouvido”.

Weslay criticava as ordens do governador Rui Costa (PT) de prender trabalhadores durante a pandemia, enquanto a corporação deixa os criminosos de lado. Falou da vergonha que os PMs deveriam sentir e disse que não tinha entrado para a Polícia Militar para "perseguir pais e mães'.

O deputado diz que Wesley tomou essa medida extrema de protestar "devido à atual condição do militar estadual, a quem raramente, na maior parte do Brasil, é concedido o direito de poder se expressar. Principalmente, poder expressar qualquer tipo de opinião”.

Alden questiona toda a ação da PM e joga dúvidas importantes sobre um possível acobertamento. “Em nenhum momento ele atirou contra civis. A imprensa tem mostrado que Wesley teria atirado em direção aos policiais. Primeira pergunta: onde está este disparo? Onde está o projétil?”

“Fazendo análise da imagem em que ele atira, ele está de frente para a viatura. Efetua o dispara para cima. Abaixa o fuzil e dá as costas para a viatura. Isso não é o comportamento de uma pessoa que queria atirar contra a viatura. Ele atirou para o alto. Nunca em direção aos policiais. Esse é o primeiro ponto”, destaca o oficial da PM.

“Segundo ponto: não há marcas de tiro na viatura. Eu analisei a viatura após a ocorrência. Terceira pergunta, o que torna tudo muito estranho: todo e qualquer local de crime, uma vez cessada a ação, deve ser alvo de perícia. Então, por que essa viatura, em que supostamente o Wesley teria efetuado o disparo, foi retirada da cena do crime?"

"Por que não foi encaminhada, logo após o desfecho da ocorrência, ao Departamento de Polícia Técnica, para proceder com todo o levantamento de informações do local? Por que a corregedoria não foi? Esta viatura se encontra dentro de um quartel e não no pátio do Departamento de Polícia Técnica".

"Isto é uma possível manipulação de provas. Retiraram o veículo de Wesley. Retiraram o veículo da Polícia Militar. Os estojos foram catados. Tudo isso prejudica a análise correta e transparente das informações. Eu acredito, com 19 anos de polícia e instrutor de gerenciamento de crises, que outras alternativas táticas poderiam ter sido adotadas.”

“Estamos vivendo a anti-sala do estado de sítio”, descreve Alden. “O Wesley, de maneira muito coerente e lúcida, trouxe tudo isso a todos nós baianos e brasileiros. Esse foi o legado do soldado Wesley. Isso foi o que o Wesley quis trazer para toda a população baiana, em especial, e para a população inteira do Brasil".

"Ele, em nenhum momento, fez um discurso ideológico, falou de Bolsonaro, falou de partido A, B, C ou D, ou de comunismo, nada! Ele direcionou as suas críticas ao governador do Estado que, por sua vez, tem imposto medidas altamente questionáveis e restritivas ao cidadão baiano”. Com Terça Livre.

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