Laudos contestam morte do PM Adriano

Novos laudos feitos por peritos dos ministérios públicos da Bahia e do Rio de Janeiro colocam em dúvida a versão do Governo da Bahia de que o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, o "capitão Adriano", tenha sido morto em "confronto" com a Polícia Militar do estado, depois de receber os policiais a tiros, em fevereiro de 2020.

A versão oficial diz que o ex-PM era suspeito de ligações com um consórcio de matadores de aluguel e uma milícia na zona oeste carioca. E que teria atirado sete vezes contra a polícia ao invés de se render. Os PMs, então, foram obrigados a revidar e o mataram com dois disparos.

Duas necropsias desmentem o inquérito da Polícia Civil da Bahia, que registram o confronto e negam que ele tenha sido torturado. O inquérito diz que uma ferida na cabeça teria sido resultado da queda de Adriano ao ser baleado. Mas o perito e professor de Medicina Legal da UERJ Nelson Massini aponta três problemas.

Este corte na cabeça é um deles. Para Massini, a lesão aconteceu com o PM ainda vivo, o que não consta no inquérito. Ele diz que, se foi possível se aproximar a ponto de atingir Adriano na cabeça, "por que não prender?" Outro ponto é um disparo que não "bate" com o inquérito.

O laudo mostra claramente que o ex-PM precisaria estar deitado para que a bala seguisse a trajetória que seguiu. Ela entrou pela lateral, saiu e reentrou no corpo. Pelo inquérito baiano, Adriano só foi atingido enquanto estava de pé. O trajeto é incompatível com a posição que o inquérito atribui aos atiradores e à vítima.

Porém, o detalhe mais escandaloso é a falta de pólvora nas mãos de Adriano. Seria impossível ele dar sete tiros sem que nenhum vestígio ficasse na pele. Massini afirma que foi feito um exame ultrapassado, que há muito tempo não se usa, por ser falho. Deixaram de fazer o exame de microscopia de varredura, que poderia elucidar a questão.

19:26  |  


Muito esforço foi feito para produzir estas notícias. Faça uma doação para repor nossas energias. Qualquer valor é bem vindo. Pode ser via Bradesco, ag 0239, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, ou pelos botões abaixo para cartão e recorrentes.

     


morena fm