Criança morre vítima da burocracia

A gestão incompetente na Saúde de Itabuna fez mais uma vítima no sábado, 5. Uma criança de dois anos morreu depois de ser empurrada de uma instituição para a outra. Ela foi levada pelos pais, às 19h daquele dia, à UPA 24h do bairro Monte Cristo com febre, diarreia e vermes saindo pela boca.

upa 24h itabuna

Ao invés de tratar a criança e resolver o problema, a equipe da UPA orientou os pais a levar a criança para a Maternidade Ester Gomes que, por ser já fora da cidade, do outro lado da BR-101, é inacessível para quem não possui carro. A família, sem dinheiro para o transporte, seguiu para o Hospital Manoel Novaes.

Referência em atendimento infantil, o HMN hoje está engessado pela burocracia e só pode receber pacientes do SUS se passarem pela regulação. Como a UPA não encaminhou a criança para a regulação, o hospital não pode atendê-la por conta própria. A família voltou à UPA, mas a criança já estava morta.

Em nota oficial, a Prefeitura disse que a criança devia ter sido levada para a Maternidade, porque a UPA só atende adultos com Covid-19. Ela desconsiderou que a Maternidade é inacessível para pobres. A Secretaria de Saúde decretou que a UPA do Monte Cristo e a Mão Pobre são as únicas com atendimento de portas abertas SUS.

Ou seja, as únicas que podem receber pacientes sem regulação, em pronto-socorro. O Novaes ficou restrito a receber pacientes via regulação. A Santa Casa lamentou "que, em pleno século XXI, uma criança tenha perdido a vida por um problema de saúde que deveria ter sido identificado e tratado na assistência básica".

Se a UPA tivesse encaminhado a criança para a regulação, poderia estar viva. Se o município não tivesse apenas uma maternidade "no fim do mundo", inacessível para as famílias carentes, atendendo pediatria, a criança poderia estar viva. Se o Novaes atendesse mesmo sem a regulação apenas perderia o valor do atendimento. E a criança estaria viva.

21:07  |  


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