Mudança no biodiesel ajuda o acarajé

Uma medida da Agência Nacional do Petróleo (ANP) pode beneficiar indiretamente uma das iguarias mais celebradas do Brasil: o acarajé. A redução temporária de 12% para 10% na mistura de biodiesel no diesel poderá contribuir para aliviar a escassez de azeite de dendê que ameaça o futuro das vendedoras de acarajé.

Tombado como patrimônio cultural de natureza imaterial pelo Iphan, o ofício das baianas de acarajé enfrenta, nos últimos anos, o declínio da produção de azeite de dendê, um dos principais ingredientes para a produção da iguaria de matriz africana.

Como alternativa, as baianas usam o óleo da palma, do Pará, para substituir o azeite amarelo-avermelhado, mas a produção paraense está sendo cada vez mais destinada ao biodiesel. Na insuficiência de óleo de dendê e de palma, as vendedoras de acarajé têm recorrido aos estoques.

A pandemia do novo coronavírus aliviou a situação, mas a reabertura da economia pôs a escassez em evidência. Com os estoques de azeite de dendê praticamente zerados, o preço do vasilhame de 16 litros dobrou, passando de R$ 65 para R$ 125 a R$ 130 de abril para agosto.

As vendedoras de acarajé representam o elo mais frágil da cadeia do dendê. Consumidoras finais de azeite de dendê e de óleo de palma, elas não podem repassar o encarecimento das matérias-primas para os preços por causa da queda da economia. No auge da pandemia, a maioria parou de trabalhar e só agora os negócios estão reabrindo.

Por trás da escassez, a baixa produtividade extrativistas nos oito municípios da Costa do Dendê, em esquema de produção familiar, com pequenos produtores que não recebem assistência tecnológica de órgãos como a Embrapa e Ceplac. Desde 2017, a produção caiu 37,8%.

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