Virus piora violência contra mulher
No contexto da pandemia de covid-19, os atendimentos da Polícia Militar a mulheres vítimas de violência aumentaram 44,9% no estado de São Paulo. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública informa que o total de socorros prestados passou de 6.775 para 9.817, na comparação com março de 2019.
A quantidade de feminicídios também subiu no estado, de 13 para 19 casos (46,2%). Mas ele não é um caso isolado. Policiais militares do Acre também foram acionados mais vezes, pelo mesmo motivo, durante o mês passado. Houve um crescimento de 2,1% no número de chamados, de 470 para 480, e dois feminicídios, contra apenas um em 2019.
O Rio Grande do Norte apresentou um aumento de 34,1% nos casos de lesão corporal dolosa (quando há intenção de se ferir) e de 54,3% nos de ameaça. As notificações de estupro e estupro de vulnerável dobraram, em relação a março de 2019, de modo que o mês foi encerrado com um total de 40 casos.
Produzido a pedido do Banco Mundial, o levantamento mostra, ainda, que no Mato Grosso os feminicídios quintuplicaram, subindo de duas ocorrências para 10. No Rio Grande do Norte, apenas um caso havia sido contabilizado em março de 2019, enquanto se registraram quatro no mês passado.
Foram analisados São Paulo, Acre, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Pará. A coleta de dados foi feita ao longo da segunda semana de abril e abrangeu boletins de ocorrência de homicídio doloso de mulheres, feminicídios, estupros e estupros de vulnerável.
Mais ameaça a vítimas mulheres e lesão corporal dolosa decorrente de violência doméstica; o número de ocorrências atendidas pela Polícia Militar por meio do 190 em casos relativos à violência doméstica e sexual; e o quantitativo de medidas protetivas de urgência determinadas pelos Tribunais de Justiça.
Apesar de se ter confirmado a multiplicação dos crimes em diversos pontos do país, formalizar denúncia às autoridades policiais tem sido um obstáculo para as vítimas, em virtude das medidas de quarentena ou isolamento social. A FBSP diz que, além de não têm conseguido ir a delegacias, muitas vítimas têm medo de denunciar os parceiros.
No Acre, embora se observe que mais mulheres se tornaram alvo das agressões no último mês, as ocorrências tiveram queda de 28,6%. Na avaliação do FBSP, a redução demonstra a série de obstáculos encarada pelas vítimas para prestar queixa, assim como as do Ceará (-29,1%), Mato Grosso (-21,9%), Pará (-13,2%) e Rio Grande do Sul (-9,4%).