Sindicato extorquem empresas depois do STF

Sindicatos patronais de diversas cidades estão cobrando taxas ou impondo condições abusivas para validar acordos individuais após a decisão individual do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski. A Medida Provisória 936, anunciada para evitar a demissão em massa, transformou-se num pesadelo para empresários de todo o Brasil após decisão do ministro do STF.

A MP dos salários trouxe mecanismos como suspensão temporária de trabalho ou redução da jornada de trabalho (que varia entre 25% e 70%), com o Governo pagando boa parte dos salários. Isso poderia ser feito por meio de acordos individuais entre os trabalhadores e os empresários, dando a celeridade necessária ao processo.

A canetada de Lewandowski condicionou esses acordos à aprovação dos sindicatos, um prato cheio para muitos deles, que já estipularam taxas que chegam até a R$ 500 por estabelecimento para validar os combinados. A comemoração deu lugar ao desânimo para empresários que estavam revendo os planos de desligamento.

"Em um momento que está todo mundo pressionado, buscando soluções rápidas para enfrentar a crise e minimizar os impactos na vida de milhões de famílias brasileiras, a decisão de um único ministro coloca em cheque um plano de governo pensado minunciosamente para atender as demandas de empresários e trabalhadores".

"Com isso, a situação no setor de bares e restaurantes, por exemplo, agrava-se e, infelizmente, a estimativa demissão volta a crescer", resume, indignado, o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.

Em levantamento inicial da Associação, em pelo menos 12 grandes cidades há cobrança de valores que variam de R$ 25 por colaborador até R$ 500 por empresa. Em Franca (SP), foi estipulado o valor mensal de R$ 400 por colaborador em caso de suspensão temporária por até 60 dias. Caso a suspensão seja prorrogada, o valor passa a ser de R$ 680 por pessoa.

O secretário do Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, em seminário promovido nesta quinta-feira (8) pela Fiesp, comentou o assunto. "O antigo imposto sindical obrigatório não existe mais, é facultativo, e qualquer tentativa se mascarar o retorno do imposto sindical choca com as decisões do próprio Supremo Tribunal Federal".

"As empresas e os sindicatos têm que tomar muito cuidado porque é provável que isso seja derrubado via denúncia ou pelas vias legais. Esse não é o momento de se tentar lucrar com a crise. É o momento de salvar vidas, salvar empregos", alertou. "Todo o nosso programa foi organizado para que se minimize ao máximo o volume de demissões do país".

"Esse tem que ser o foco de todos os agentes, tanto aqui do Ministério da Economia, os agentes de mercado, as empresas e, claramente, os sindicatos", complementou Dalcolmo.

Solmucci alerta que "muitos bares e restaurantes fecharam as portas, outros têm perdas de faturamento da ordem de 80%. Todo o nosso esforço foi para minimizar os impactos para os trabalhadores, garantir renda nessa crise e evitar demissões. Como é possível, num cenário desses, alguém ter condições de arcar com mais essa cobrança? Isso é imoral!"

17:25  |  


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