Sessão escancara descaso do prefeito
Uma sessão da Câmara de Itabuna cobrou do secretário de Saúde de Itabuna um plano claro contra o coronavirus, mas não existe nenhum. Os vereadores questionaram o secretário Uildson Nascimento sobre o destino dos R$ 8,9 milhões vindos do Ministério da Saúde.
Também quis saber quantos leitos de enfermaria e de UTI existem na cidade e quantos ela terá. O presidente da Câmara, Ricardo Xavier, diz que há um marasmo da Prefeitura e da Secretaria de Saúde. "Precisamos saber de forma clara e objetiva o que foi feito e o que poderá ser feito”, afirmou.
Segundo o secretário, dos quase R$ 9 milhões do Ministério, R$ 2 milhões serão usados na usina de oxigênio do Hospital de Base, valor que parece exagerado, e R$ 4 milhões para acomodar profissionais de saúde em hoteis, desinfetar ruas e pontos de ônibus, "fazer um trabalho de conscientização com carros de som e panfletos".
Uma coisa que chamou a atenção foi a opção por usar carros de som e planfletos numa cidade que possui 6 emissoras de rádio e duas de televisão, com alcance infinitamente superior ao uso de carros de som. Outra foi a matemática de Uildson Nascimento.
A conta do secretário deixa R$ 3 milhões sem explicação nem destino, como os R$ 13 milhões recebidos em janeiro pela Prefeitura de Itabuna, referentes à partilha do pre-sal. O prefeito Fernando Gomes não comenta, não presta contas, sequer admite o recebimento.
Sobre os leitos, só existem promessas. O governo do Estado, que tem feito várias trapalhadas na cidade e concentrado o dinheiro e as ações em Ilhéus, prometeu contratar 10 leitos de UTI no Hospital de Base. Hoje, o que Itabuna tem são apenas 10 leitos no Hospital Calixto Midlej Filho, com 4 ocupados, e 30 de enfermaria.
Na reunião na Câmara, o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, foi muito criticado pela completa omissão em relação à crise, tanto de saúde quanto econômica, gerada pelo coronavirus. Logo no início da epidemia o prefeito abandonou a cidade e só retornou na semana passada, sem explicações.
O município não tomou qualquer iniciativa para comprar respiradores, ampliar os leitos de UTI do Hospital de Base, contratar médicos e enfermeiros, nem para mitigar a crise econòmica gerada com o fechamento de todo o comércio, que pode destruir o polo comercial da cidade. A Prefeitura sequer prorrogou o IPTU ou o ISS.
Na Câmara, o presidente da Associação Comercial de Itabuna, Sérgio Velanes, também criticou a disputa entre a Prefeitura e a Santa Casa pelo uso dos R$ 23 milhões recebidos ainda em janeiro do Ministério da Saúde. Para ele, a verba todo devia ser usada no combate ao coronavirus.
O secretário executivo da Amurc, Luciano Veiga, criticou as idas e vindas do Estado e disse que existem instituições querendo doar 30 respiradores, mas só farão isso se houver um plano concreto de ações. A Trifil, que tem condições de fabricar máscaras em sua fábrica na cidade, não foi procurada.