Salvador ainda rejeita "se isolar"

As mudanças impostas à sociedade com a chegada da pandemia do novo coronavírus já mostram reflexos no comportamento do consumidor, porém o levantamento da Pollis Estratégia mostra que, apesar das alterações nos padrões de consumo de produtos e lazer, boa parte dos soteropolitanos ainda não aderiu ao isolamento.

O estudo aborda o período de um mês da quarentena, comparando dados entre os dias 18 de março, quando começaram a vigorar os decretos de medidas restritivas em Salvador, até 18 de abril. De acordo com a Estatística e Consultora Empresarial da Pollis, Caroena Alves, a principal mudança foi em relação ao consumo.

“Durante esse período, as vendas totais do varejo apresentaram alta de mais de 20%, impulsionadas por itens de alimentação e limpeza. Isso ocorre pois as pessoas buscam garantir os produtos necessários para enfrentar a quarentena imposta pelos governantes.

"Porém, após esse primeiro momento, as pessoas já começam a buscar modos de saciar outras necessidades. como lazer e informação”. O levantamento mostra aumento do uso de soluções tecnológicas que auxiliam em tarefas cotidianas, como compras de mercado e drogarias online.

Também se destacam ferramentas de socialização e entretenimento, como filmes, vídeos, músicas e jogos. No varejo local, isso gera uma segunda onda de consumo, em que a busca agora é pelos equipamentos digitais. No meio online o crescimento das pesquisas por conteúdos de gestão e negócios reflete uma maior motivação para se informar.

“São dois lados da mesma moeda, de um lado o consumidor, que está adotando um comportamento totalmente novo de trabalhar, fazer compras online e videoconferências. E do outro lado temos o mercado, que está adotando novas tecnologias, ferramentas e softwares para realizar vendas”, explica Caroena.

Após esse momento, que deve durar ao menos mais duas semanas, será preciso se preparar para uma nova fase, onde a preocupação econômica deverá aumentar associada ao agravamento dos casos. “O isolamento ainda não está internalizado no soteropolitano, não está sendo realizado conforme recomendações da OMS e governo local".

"Prova disso é que cerca de 70% dos veículos ainda circulam em Salvador e o uso de máscaras está abaixo do esperado, o que nos leva a um novo decreto municipal obrigando a população a adotar o equipamento de segurança”, explica. Para a Consultora, os gráficos apresentam um cenário que não deve melhorar nas próximas semanas.

Ela indica aos empresários que invistam no comércio eletrônico e em estratégias de comunicação. “A curva de contágio ainda está em crescimento e as próximas medidas devem restringir ainda mais a circulação. Então os setores comerciais e de serviços que têm sofrido as consequências devem repensar as estratégias de suprimento e logística, e fortalecer a comunicação com o consumidor que está isolado em casa".