Cardíacos devem redobrar os cuidados

Pacientes com histórico de doenças cardíacas têm apresentado risco de evolução desfavorável quando infectados pelo coronavírus. Dados de diversos países indicam que a presença prévia de cardiopatia aumenta expressivamente a proporção de casos graves, que necessitam de tratamento em UTI e suporte ventilatório, assim como a mortalidade.

De acordo com Luiz Guilherme Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo, embora ainda careçam de estudos aprofundados, as explicações podem estar ligadas a fatores como a idade (a população cardiopata costuma estar acima de 60 anos) e outras doenças que afetam a imunidade, como diabetes e hipertensão arterial.

Também o desdobramentos da falta de oxigenação do sangue devido a lesão pulmonar ou choque, que pode ser muito mal tolerada em pacientes que tinham anteriormente insuficiência cardíaca, doença coronária ou arritmias, mais agressão viral direta às células do músculo cardíaco (miocardite aguda).

“Ainda nesse contexto, vale lembrar que diversos medicamentos presentemente em uso para os casos graves de Covid-19 podem ter efeito prejudicial em lesões cardíacas, sejam elas preexistentes ou agudas. Exemplo disto é o agravamento de algumas arritmias pelo uso de hidroxicloroquina”, alerta Velloso.

“No Brasil, o Ministério da Saúde apontou que 31% dos óbitos foram de pacientes com histórico de doenças cardíacas. Esse cenário não é diferente lá fora, se olharmos para Wuhan. Em uma análise de 44 mil pacientes infectados, embora somente 4,2% tivessem cardiopatia, os cardiopatas compuseram 22,7% dos óbitos”.

O médico explica que, nos pacientes com cardiopatias, os sintomas de sua doença preexistente podem ser confundidos com algumas das manifestações do Covid-19, como a falta de ar e a dor torácica. Esses pacientes devem procurar orientações com cardiologistas e, até mesmo, uma avaliação remota, com o uso da telemedicina.

“Por ser grupo de extremo risco para a infecção viral, os cardiopatas devem ao máximo evitar exposição a ambientes de alta contaminação, como os prontos-socorros.” Vale ainda manter o distanciamento social, se possível, permanecendo em casa; evitar contato com pessoas suspeitas de Covid-19; lavar bem as mãos e evitar aglomerações.

20:08  |  


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