PF flagra propina de desembargadora
Na semana passada policiais federais monitoravam um grupo de suspeitos, entre eles o advogado Júlio César Ferreira, quando ele recebeu, em Rondonópolis, um pacote de dinheiro de propina. Ela vinha de Vanderlei Chilante, representante do empresário Nelson José Vigolo, da Bom Jesus Agropecuária.
Julio César viajou para Salvador, onde entregou a propina a outro advogado, Vasco Rusciolelli, filho da desembargadora Sandra Inês Rusciolelli, do Tribunal de Justiça da Bahia, no motel Decameron. Vasco repassou para sua esposa, Jamile Rusciolelli, em uma faculdade da capital.
Jamile levou o dinheiro para casa, no condomínio Le Parc, o mesmo onde mora a desembargadora presa nesta segunda-feira pela PF. Jamile e a magistrada tem seus apartamentos ligados por uma passagem interna. A PF fez busca no local e apreendeu R$ 258,9 mil, sendo R$ 208,8 mil no Jaguar que Vasco digiria.
Outros R$ 15,1 mil estavam com Luís Cláudio Santos, empregado da magistrada, e R$ 35 mil em um dos quartos do apartamento (1101). O monitoramento da ação, a busca e a prisão de Sandra Inês e dos advogados foi ordenada pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça.
Em sua decisão, o ministro se declarou impressionado com a ousadia dos criminosos, que mantiveram o esquema de propinas mesmo depois da primeira fase da Operação faroeste, que resultou na prisão de vários magistrados, e das limitações de circulação pelas medidas contra o coronavirus.
"Ou seja, nem com as investigações desnudando o suposto esquema criminoso no Oeste baiano, e com várias medidas cautelares em pleno vigor, os investigados cessaram o curso de suas ações antijurídicas. Por fim, chama a atenção o fato de ter a ação criminosa não ter se interrompido mesmo durante a pandemia de Coronavírus".
Independente da prisão a desembargadora foi afastada de suas funções por um ano. Parte da operação foi possível pela colaboração de Júlio César, que gravou vários encontros. "A degravação de conversas ambientais gravadas por Júlio César durante conversas com seus interlocutores e parceiros no presente esquema ilícito é elucidadora".
Segundo a Polícia Federal, Sandra Inês Rusciolelli recebeu R$ 1 milhão para proferir a decisão favorável ao sócio da Bom Jesus Agropecuária em um mandado de segurança. A decisão dela foi seguida pelosm outros membros do Pleno do TJ-BA no dia 21 de janeiro.