JB manda Dória "descer do palanque"
Acabou mal a reunião de Jair Bolsonaro com governadores do Sudeste, por videoconferência, nesta quarta-feira (25), quando o paulista João Doria (PSDB) resolveu atacar o presidente, criticando seu pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, nesta terça (25) e recomendando a ele “mais equilíbrio”.
Bolsonaro reagiu afirmando que o tucano fez declarações levianas e sugeriu que Doria guardasse suas opiniões pessoais para 2022. O governador paulista está claramente em campanha para presidente da República desde que assumiu o cargo, colocando-se como alternativa a Bolsonaro em 2022.
Doria afirmou ainda que não admitiria confisco de respiradores, e ameaçou ir à Justiça contra o governo federal caso haja confisco de equipamentos e insumos destinados ao combate do novo coronavírus no estado. Irritado, Bolsonaro afirmou que o tucano não tem autoridade moral para criticá-lo após usar o seu nome para se eleger e depois virar as costas, "como o fez com os demais apoiadores inclusive em seu próprio partido".
”Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque”, exortou Bolsonaro, dirigindo-se a Doria, que em sua fala se dirigiu ao presidente apenas como Bolsonaro, ignorando a etiqueta do cargo. Em vez de discutir medidas conjuntas, o governador optou pelo discurso político, a pretexto de pregar “o diálogo e o entendimento”:
Em seguida o governador resolveu dar lições de comportamento a Bosonaro: “O senhor, como presidente da República, tinha que dar o exemplo. Tem que ser um mandatário para comandar, para dirigir e para liderar o País e não para dividir”.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) também cobrou liderança e responsabilidade do presidente da República. Ele disse que nunca desejou tanto que um presidente estivesse certo em seu pronunciamento. Mas que, por questão de responsabilidade, não poderia pagar para ver.
O presidente criticou medidas de governadores de restrição de movimentação de pessoas e defendeu o chamado “isolamento vertical”, adotado com sucesso em países como Japão e a ser adotado nos Estados Unidos, em que apenas as pessoas do “grupo de risco”, como idosos, seriam mantidas em isolamento social.
“Vou conversar com ele [Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde] e tomar a decisão”, disse Bolsonaro mais cedo, durante a tradicional “coletiva na grade”, que consegue diariamente na porta do Palácio Alvorada. “Cara, você tem que isolar quem você pode”, disse ele, dirigindo-se a um jornalista.
“Você quer que eu faça o quê? Eu tenho o poder de pegar cada idoso e levar para um lugar? É a família dele que tem que cuidar dele no primeiro lugar”, afirmou o presidente, em entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, a residência oficial.
“O povo tem que parar de deixar tudo nas costas do poder público. Aqui não é uma ditadura, é uma democracia”, declarou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. “Os responsáveis pela minha mãe de 92 são seus meia-dúzia de filhos”, complementou Bolsonaro. Com Diário do Poder.