Discurso de Rui confunde prefeitos

No início da tarde desta sexta-feira (27), o governador Rui Costa atualizou as medidas tomadas pelo Estado para desacelerar o avanço do novo coronavírus no estado e anunciou a negociação para instalação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para o tratamento de casos confirmados da doença também no interior.

A decisão de incluir o interior veio depois de ser criticado por só se importar com a capital. Numa videoconferência com prefeitos, Rui Costa (PT) disse que "iremos concentrar, enquanto for possível, o tratamento dos casos que necessitem internação apenas em Salvador". Mas as medidas podem ser contraprodutivas.

Uma delas é transformação do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, em Itabuna, em referência para o tratamento da doença, após a transferência dos pacientes para o Hospital Regional Costa do Cacau e do acréscimo de 31 leitos, chegando a 40. Hoje, esses 40 leitos ficariam vazios, ociosos.

A cidade só tem uma pessoa internada, o ex-deputado Augusto Castro, e nem é no HBLem e sim no Hospital Calixto Midlej, da Santa Casa. Além de manter 40 leitos ociosos, quando poderiam salvar vidas, a medida vai sobrecarregar o HRCC, que já não dá conta de toda a demanda que recebe.

O governador também anunciou que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) serão usadas para a triagem de casos. “Estamos negociando com hospitais privados em diferentes regiões da Bahia, de modo que essas unidades se transformem em referências regionais no tratamento da Covid-19".

A parceria com os prefeitos foi enaltecida por Rui durante o programa. “A Bahia está muito abaixo da média nacional de transmissão e abaixo também da curva projetada por especialistas. Isso é sinal de que as medidas têm surtido efeito. O que mais importa, nesse momento, é manter a Bahia unida, mesmo que seja virtualmente".

Porém, Rui foi duramente criticado pelos prefeitos, inclusive aliados, ao defender em particular o que combate em público, o isolamento racional, sem fechamentos em cidades que não possuem casos. O petista criticou violentamente o presidente Jair Bolsonaro quando ele sugeriu esta posição.

O governador defendeu outra medida que criticou quando Bolsonaro sugeriu. “Respeito a autonomia dos municípios, mas é preciso garantir fluxo de mercadorias, alimentos, de itens de sobrevivência da população. Portanto, as estradas não devem ser fechadas. Além disso, sugerimos que atividades econômicas que não coloquem em risco a população possam funcionar em cidades que ainda não tenham casos registrados”.

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