São Paulo recebe mostra sobre Egito
A vida, a religiosidade e o pós-morte na civilização que se concentrou ao longo do curso inferior do Rio Nilo, de 4000 antes de Cristo (a.C.) a 30 a.C., compõem a exposição Egito Antigo: do cotidiano à eternidade, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB-SP).
A mostra, que será aberta nesta quarta (19) e fica em cartaz até 11 de maio, com entrada gratuita, reúne 140 peças que têm em comum a relevância para o entendimento dessa cultura, que manteve parcialmente os mesmos modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios.
Sucesso de público em sua passagem pelo Rio de Janeiro, a exposição foi vista por quase 1,5 milhão de pessoas. O curador, historiador Pieter Tjabbes, junto com Paolo Marini, conta que os museus têm resistência em emprestar as peças, ainda mais por um ano.
“Mas o Brasil nos últimos anos ganhou prestígio na rota das grandes exposições”, disse Pieter. A mostra é a primeira exposição organizada pelo curador do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), da Itália.
“O principal objetivo é possibilitar a um público grande e diverso, um entendimento qualificado sobre a cultura egípcia”, explicou Tjabbes. “Organizamos as obras em diversos recortes, diferentes instâncias, ultrapassando limites temporais e regionais”.
Uma réplica da tumba de Nefertari e uma pirâmide cenográfica fazem parte da exposição. Aproximadamente 75% dos itens da mostra vêm das vitrines do percurso da exposição do Museo Egizio, outros 15% vêm das reservas técnicas.
“Vale ressaltar que o Museo Egizio de Turim possui a coleção mais importante de Antiguidades egípcias fora do Egito. Cerca de 70% da coleção provém das missões de escavação realizadas por Ernesto Schiaparelli e Giulio Farina durante o século XX”, explica o curador Paolo Marini.
Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo serão apresentados de forma didática e interativa, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um Livro dos Mortos em papiro, objetos litúrgicos e óstracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia.
Segundo Tjabbes, o alto nível de qualidade das obras a expografia envolvente e o empenho de toda a equipe explicam o sucesso. “Nos alegra muito perceber a participação de visitantes de diferentes níveis socioculturais, sendo que muitas pessoas se mobilizaram pela possibilidade de aproximação com a cultura do Egito Antigo”.
Por volta de 4000 a.C., os povos do Egito viviam em pequenas unidades políticas, os nomos, e eram governados por nomarcas que se reuniram em dois reinos, o Baixo Egito ao norte, e o Alto Egito ao sul.
Reconhecido como berço de umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade, o Egito Antigo se formou a partir da unificação do Alto Egito e Baixo Egito, no reinado de Menés (Narmer, em grego), o primeiro faraó, entre 3100 a.C. e 3000 a.C., e se desenvolveu até 30 a.C., após a derrota de Cleópatra pelo Império Romano.
Foram quase 3 mil anos de relativa estabilidade política, prosperidade econômica e florescimento artístico, alternados por períodos de crises. O legado dessa civilização desperta fascínio até hoje e teve grande influência na moda, no design, na arquitetura e em cultos europeus, como a maçonaria e a Rosa Cruz.
Os visitantes poderão conferir o acervo inédito ao longo dos seis andares do CCBB de São Paulo. Neste ano, a exposição ainda será exibida nos CCBB de Brasília e Belo Horizonte.