Ministério faz campanha sobre as IST

Para alertar à população sobre os riscos e consequências de Infecções Sexualmente Transmissíveis e estimular uma mudança de comportamento, o Ministério da Saúde lançou no sábado uma campanha nacional de prevenção, visando HIV, hepatites e sífilis.

O cenário mostra que o comportamento de risco vem impedindo o país de avançar no combate às infecções sexualmente transmissíveis. "Queremos incentivar o uso da camisinha e informar principalmente os jovens sobre os riscos e consequências de contrair uma IST," diz o ministro Luiz Henrique Mandetta.

A campanha “Usar camisinha é uma responsa de todos” apresenta um novo conceito, voltado para a prevenção de todas as IST. O objetivo é propor uma mudança de comportamento entre jovens, de 15 a 29 anos, quanto ao uso do preservativo para evitar doenças como sífilis, herpes genital, gonorreia e HPV.

A campanha utiliza a linguagem da Poesia Slam, um movimento popular entre os jovens que usa a batalha de poesias associadas à conscientização para gerar debates sobre temas diversos. A ideia é ampliar o acesso às informações sobre este tema, inclusive sobre as consequências trazidas pelas ISTs.

A camisinha, distribuída gratuitamente nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), é a forma mais simples e eficaz de se proteger não só do HIV/Aids, mas também da sífilis, da gonorreia, de hepatites virais e até do zika vírus, além de evitar uma gravidez não planejada.

Neste ano, o Ministério da Saúde vai distribuir, ao todo, 570 milhões de preservativos e géis lubrificantes para todo o Brasil. A quantidade representa um aumento de 12% em relação ao ano passado, quando foram enviados 509,9 milhões aos estados. Para o Carnaval, são 128,5 milhões de preservativos.

As ISTs aumentam em até 18 vezes a chance de infecção pelo HIV/Aids. Isso porque elas causam lesões nos órgãos genitais, o que aumenta a vulnerabilidade para adquirir o HIV por meio do contato com secreções e sangue. ISTs como sífilis, gonorreia e clamídia, por exemplo, podem causar malformações de feto e levar ao óbito.

SÍFILIS

Infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, causa feridas nos órgãos genitais, às vezes com manchas no corpo, febre e ínguas. Apesar de remontar à Idade Média, ainda hoje pode ser considerada uma epidemia pela falta de proteção adequada.

No ano passado, foram notificados 158.051 casos de sífilis adquirida em todo o país, com aumento de 28,3% em relação a 2018. Em gestantes, foram 62.599 casos (+25,7% na comparação com 2017). Já em bebês, foram 26.219 casos de sífilis congênita (transmitida a mãe para o bebê), aumento de 5,2% em relação a 2017.

Para o controle da doença no Brasil, o Ministério da Saúde compra e distribui testes rápidos de diagnóstico e oferta tratamento com penicilina benzatina e cristalina. Em 2019, foram enviados aos estados 12,1 milhões de testes diagnósticos, aumento de 17% em comparação com 2018.

Para 2020, a previsão é que a pasta distribua mais de 13,9 milhões de testes. Em relação aos medicamentos para o tratamento da doença, há estoque disponível e entregas contratadas para garantir a cobertura estimada dos tratamentos da sífilis com penicilina até outubro de 2020.

HEPATITES VIRAIS

Causadas por vírus que leva à inflamação do fígado, nem sempre apresentam sintomas. Entre as hepatites, o tipo C é o mais prevalente e letal, com 26.167 casos em 2018. Foram ainda registrados, em 2018, 13.922 casos de hepatite B e 2.149 de hepatite A.

As hepatites também podem ser transmitidas por sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos cortantes. O Ministério da Saúde garante a prevenção por meio de vacinas e diagnóstico, com oferta de testes. Em 2019, distribuiu 19,5 milhões de testes de hepatite B e C. Para 2020, serão 22,4 milhões.

HIV/Aids

A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV – sigla em inglês). Esse vírus afeta e destrói o sistema imunológico, responsável por defender o organismo contra doenças. Dados do último boletim mostram que o HIV cresce mais entre os jovens. A maioria dos casos é na faixa de 20 a 34 anos (52,7%).

A estimativa é de que 900 mil pessoas vivem com HIV no país. Dessas, 135 mil ainda não sabem. Para ampliar o diagnóstico e tratamento, apenas em 2019 o Ministério distribuiu cerca de 12 milhões de testes rápidos. A previsão é de que sejam distribuídos, em 2020, mais de 13 milhões.

USO DA CAMISINHA

Pesquisas demonstram que o uso do preservativo vem caindo com o passar do tempo, principalmente entre o público jovem. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) todos os dias ocorrem 1 milhão de novas infecções sexualmente transmissíveis.

Abrir mão do uso do preservativo nas relações expõe a pessoa e os parceiros às IST, incluindo o HIV – que não tem cura. Homens e mulheres apresentam sinas e sintomas distintos para as ISTs, como é o caso do HPV e da gonorreia, e somente o diagnóstico pode assegurar se ocorreu a infecção.

Em 2019, o Brasil e a OMS iniciaram estudo para desenvolver um novo tratamento para a sífilis na gestação, como alternativa à penicilina. Outra iniciativa é voltada para o tratamento da gonorreia. O projeto Sengogo monitora a resistência da cepa que transmite a doença ao tratamento convencional.

Também está em estudo, desde agosto do ano passado, a prevalência e os tipos de HPV em jovens de 16 a 25 anos, após introdução da vacina. Para conhecer melhor o comportamento da doença após a imunização, está sendo coletado material biológico em mais de 100 serviços de saúde em todas as capitais.

A partir deste ano, o Ministério da Saúde também começa a coletar material para estudo da prevalência do HTLV1 em gestantes. Trata-se de um vírus ainda pouco conhecimento, mas que causa complicações graves, como leucemia, lesão nos olhos, pele e artrite.

12:53 PM  |  


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