PM pede desculpas por fala de Coronel
A Polícia Militar da Bahia teve que emitir uma nota oficial para se desculpar pela declaração do coronel Eurico Filho Silva Costa, comandante da 15ª Cia Independente (Itapuã) sobre uma turista do Piauí que foi estuprada em uma praia de Itapuã, onde estava com o namorado.
Eurico declarou a um jornal de Salvador que a vítima contribuiu para o crime. "Foi um comportamento de risco. O que uma pessoa vai fazer numa praia deserta das 19h às 23h, quando ocorreu estupro? Vai fazer o quê? Ela assumiu o risco".
Ele continuou atacando o casal por seu "comportamento de risco". "O casal teve um tipo de comportamento que não podemos nos responsabilizar. Se um carro trafega a 200 km/h, o motorista assume as consequências, o risco de bater, capotar. Foi a mesma coisa que aconteceu".
O Coronel ainda alegou que a Polícia Militar não pode ser responsabilizada porque mantém o trabalho naquela área. "Trabalhamos constante na região, mas não temos efetivo para garantir a segurança somente daquelas pessoas que estavam naquele horário, num local onde não havia ninguém".
O bandido que estuprou a turista se apresentou na 12ª Delegacia e foi levado para a Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), onde está preso. Seu comparsa está internado no Hospital Geral do Estado (HGE) porque foi espancado por uma multidão ao fazer um assalto no bairro de Sussuarana.
O Comando Geral da Polícia Militar da Bahia (PMBA) diz na nota oficial que "as declarações do comandante da 15ª CIPM já estão sendo tratadas internamente" e que "em nenhuma circunstância uma vítima deve ser culpabilizada. A Polícia Militar da Bahia tem como missão cuidar das pessoas".
"A PMBA lamenta profundamente o crime cometido contra o casal de turistas e se solidariza com as vítimas, bem como reafirma o compromisso de fazer o melhor sempre para garantir a segurança de baianos e turistas". A nota foi acompanhada de desculpas do Coronel Eurico, que alegou "má interpretação", fugindo de assumir o que disse.
“Peço desculpas se fui mal interpretado pelas minhas declarações. Como policial militar, nunca defendi culpabilização de vítimas. Não seria diferente no caso absurdo envolvendo turistas em Salvador. Meu respeito e total solidariedade às vítimas de uma cruel violência contra as mulheres", disse.