Rádio que inovou o FM faz 32 anos
Nesta sexta-feira, 6, a Morena FM, de Itabuna, completa 32 anos de uma história de inovações no rádio baiano. Ligada em dezembro de 1987, ela já começou mudando radicalmente o cenário musical da época, incluindo na programação gêneros que as outras não tocavam ou tocavam pouco, como blues, rock, jazz, pop latino.
Criadora dos programetes (programas de curta duração) e da notícia de hora em hora, hoje disseminados por emissoras de todo o país, a Morena FM também ousou ao colocar no ar um programa de música clássica tratada como música pop, o Allegro.
Hoje ele faz parte de outra inovação da emissora, a transmissão de programas especiais às 19h durante a semana, quando por lei as rádio devem retransmitir o programa estatal Voz do Brasil. "No streaming, a Voz é substituída por programas como o Jazz & Blues e o Allegro", explica Marcel Leal, idealizador da rádio.
Primeira emissora da América Latina a só usar som digital (em 1991) e primeira a transmitir na interne 24 horas por dia ao vivo (1989), a Morena FM também redefiniu o mercado dos artistas regionais com seu Projeto Jupará de Valorização da Cultura Grapiúna.
O projeto incluiu a divulgação de centenas de músicas de artistas regionais na programação, a produção de 5 CDs de coletânea sulbaiana distribuídos no Brasil e no exterior, a criação de uma editora musical, a Jupará Records; a abertura de espaços para os artistas da região e, principalmente, o Troféu Jupará.
Este troféu, promovido por 15 anos, elegia os melhores do ano em várias categorias por voto direto do público, em computadores instalados no centro de Itabuna, de Ilhéus e no campus da Uesc. Os três mais votados de cada categoria eram promovidos e os vencedores conhecidos ao vivo numa festa na AABB.
A premiação garantiu um novo status para os músicos regionais, até então "invisíveis" e com pouco mercado de trabalho. O fato de ser finalista do Jupará ajudou a valorizar o artista junto à sua própria região e abriu caminho para uma trajetória maior.
Artistas e bandas de outros países, que souberam da Morena FM quando ela foi notícia no exterior por só usar som digital, em 1991, passaram a procurá-la para divulgar suas músicas no Brasil. Foi o caso de bandas como Dissidenten e Rootz Radicals (Alemanha) ou Mama Spanx (EUA).
Artistas nacionais também lançaram suas músicas na Bahia através da Morena FM, como André Ayel (Rio de Janeiro), as bandas Eletrone e Marília Gabriela, ambas de São Paulo. "Nós somos apaixonados por boa música e não importa se o artista é novo ou veterano. Aqui o que importa é a qualidade", explica Marcel.
Na foto, Marcel à direita, com Paulo Vicente, locutor que está na rádio desde o início. Marcel Leal mantém um site de artigos em marcelleal.com e um canal de podcast no anchor.fm