Baiana cria uma vacina para alergias

A ciência ainda não tinha criado um tratamento para alergias de maneira eficaz e sem efeitos colaterais, até surgir a biologia molecular. Agora, um grupo de pesquisadores da Bahia, liderado pela professora Neuza Alcântara Neves, decidiu desenvolver uma nova forma de combater as doenças alérgicas a partir desta técnica.

O projeto, que é produzido simultaneamente em Salvador e na Europa, traz a recombinação dos agentes causadores da reação alérgica no organismo do indivíduo com o intuito de curar a alergia ao ácaro, a mais comum entre a população baiana.

De acordo com a cientista, o trabalho teve início há mais de 10 anos no laboratório de Alergia e Acarologia da Ufba onde, junto a um grupo de pesquisa, ela presta serviços para a empresa Alergolatina, ao mesmo tempo em que realiza estudos sobre alergia e asma com a população de Salvador.

O estudo é feito em colaboração com os professores Maurício Barreto, Camila Figueiredo e Álvaro Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ufba. “Através deste trabalho, mostramos que as alergias são muito prevalentes na capital baiana e resultam em grande custo financeiro para disponibilizar tratamento”.

A diferença em relação às vacinas que já existem está na quantidade de efeitos colaterais. “Em vez de utilizar o próprio organismo que causa alergia para gerar imunidade, nesta vacina, o gene que codifica a proteína causadora da reação alérgica é colocado em uma bactéria, que faz ela produzir grandes quantidades desta proteína".

"Este processo diminui para quase zero a possibilidade de a vacina gerar efeitos adversos, como sintomas de alergia comuns em vacinas de extratos”, explicou. A princípio, o trabalho está destinado à alergia ao ácaro, conhecida como Blomia Tropicalis, que é uma das mais comuns entre a população baiana.

Segundo Neuza, se o projeto for concluído abrirá portas para que sejam criadas outras vacinas a partir deste modelo. E quando se trata de conclusão, esta é uma etapa que exige atenção pois, de acordo com a pesquisadora, a iniciativa precisa de financiamento para poder avançar.

“Assim como qualquer imunização, esta vacina precisa passar por testes antes de ser comercializada. Por se tratar de biologia molecular, é necessário um laboratório que produza as moléculas com boas práticas e um biotério registrado na Anvisa. Chineses se mostraram interessados”, afirmou.

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