NE tem a maioria dos inadimplentes
O Cadastro Positivo, que entra em vigor no próximo mês, vai inaugurar uma nova fase do crédito no país. Um dos principais benefícios, o crédito mais acessível e barato, deve impactar diretamente a inadimplência, que atinge todas as regiões do país.
O atual modelo de crédito das empresas credoras desconhece o real nível de endividamento dos consumidores, o que dificulta e encarece a obtenção dos recursos. Um estudo realizado pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito com base em dados do setor e do IBGE, traça o perfil dos devedores.
Ele mostra de que forma a inadimplência se distribui hoje entre as gerações, nas diversas regiões brasileiras. Atualmente, cerca de 60 milhões de pessoas têm contas em aberto no país, o que equivale a 40% da população economicamente ativa.
O Nordeste, com uma população total de cerca de 54 milhões de pessoas, contabiliza 16,3 milhões de endividados, ou 31% da população, ficando atrás apenas do Sudeste em número de devedores. Em compensação, os nordestinos apresentam o menor tíquete médio de dívida, de R$ 3.383.
Esses dados mostram ainda que, a exemplo do que acontece em outras regiões, também no Nordeste a faixa etária entre 41 e 50 anos é a que deve mais. São 3,2 milhões de pessoas e dívida média de R$ 3.294. O grupo com idade entre 51 e 60 anos apresenta o menor número, cerca de 2 milhões, mas dívida média de R$ 4.053.
Os jovens entre 18 e 25 anos, por sua vez, reúnem 2,5 milhões de inadimplentes e o menor valor de tíquete médio de dívida na região, R$ 1.924. O fato de os mais jovens apresentarem índices menores é natural, pois ganham menos e têm seus gastos menos comprometidos, assim como sua capacidade de obter crédito.
Mas comparativamente às outras faixas etárias, na verdade, o que o estudo constata é que os jovens já apresentam um endividamento alto, que tende a se agravar com a idade na medida em que assumem outros compromissos mensais, como a educação dos filhos.
“Ao considerar os dados nacionais e regionais, percebemos que a inadimplência tem fatores peculiares em cada momento da vida. Os jovens sofrem com o cenário de desemprego, e a dificuldade de acesso ao ensino só piora esse quadro. Os mais velhos têm outros motivos, como família para sustentar," diz o presidente da ANBC, Elias Sfeir.
Para ele, o novo Cadastro Positivo deve ter uma forte contribuição para aumentar a transparência de informações e melhorar a avaliação de crédito, reduzindo a inadimplência e, consequentemente, levando à queda das taxas de juros para o bom pagador.