Salvador completa 470 anos dia 29

Quando o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, chega no Porto da Barra, em 29 de março de 1549, ele tem que encarar uma vila destruída por um conflito entre portugueses e indígenas. Quando a trançadeira Cláudia dos Santos, de 36 anos, chega, é só água fresca, cerveja e marquinha do sol no corpo bronzeado.

Ela pode não ter muita ideia do que ocorria antes de Tomé de Souza, mas sabe que Salvador completa 470 anos neste mês. Aliás, a data é comemorada no mesmo dia da chegada da autoridade lusitana: 29 de março. O ano era 1549. "Temos que comemorar porque é uma cidade linda. Todo mundo que chega quer ficar aqui", diz Cláudia

Em decorrência de ter sido a primeira capital do Brasil, Salvador tem a marca do pioneirismo em muitos segmentos. A primeira missão jesuíta no continente americano, por exemplo, aconteceu nela. Fundada em 1540 na Itália, ela chega em 1549 com o padre Manoel da Nóbrega.

Salvador também foi sede do primeiro bispado do Brasil, em 1551. "Primeiro e único por 125 anos, quando é elevado, em 1676, à dignidade de arcebispado, primeiro no país também. Sede de todas as igrejas do Brasil e colônias portuguesas na África", explica o arquiteto e historiador Francisco Senna.

A cidade de 470 anos se orgulha ainda de ter a primeira Faculdade de Medicina do Brasil (no Terreiro de Jesus); o primeiro forte circular (São Marcelo) e o primeiro equipamento do tipo no país (o da Barra); o primeiro elevador urbano (o Lacerda); e a primeira Câmara Municipal.

A primeira Academia de Letras do Brasil, a Academia dos Esquecidos, também é soteropolitana. Isso sem falar, é claro, dos aspectos mais subjetivos e superlativos, como o melhor e maior Carnaval do mundo, a terra da alegria, da música e da diversidade cultural. A capital da baianidade.

"Essa baianidade é a resistência desse povo. A resistência que sempre existiu, para diferentes colonizadores", afirma a escritora baiana Aninha Franco, responsável por sucessos teatrais como "Os Cafajestes" e "Esse Glauber". Para ela, figuras como as baianas de acarajé são símbolos da luta pela preservação da cultura da Bahia.

Presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro enxerga a criatividade como uma das principais características do soteropolitano nesses 470 anos. E essa capacidade de "inventar coisas", como ele mesmo define, está espalhada pelas quase 3 milhões de pessoas que vivem por aqui.

"O soteropolitano é extremamente criativo. O humor é também uma marca muito forte da nossa cultura, a capacidade de reinventar. As coisas estão sempre se renovando, como o Carnaval, a música. Claro que tem o poder público, mas as coisas se reinventam naturalmente", diz Guerreiro.

O carioca Cristiano César dos Santos, 41, sentiu esse "calor humano" que Guerreiro descreveu logo que chegou a Salvador com a esposa e filha. "É minha primeira vez aqui. Estou gostando, o povo é bem receptivo. As praias são lindas também", resume.

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