Tragédia da travessia foi esquecida
Há quatro meses, Bahia viveu uma de suas maiores tragédias marítimas, quando a lancha Cavalo Marinho I, com 116 passageiros e 4 tripulantes, naufragou ao fazer a travessia entre Mar Grande e Salvador. 18 pessoas morreram.
Na época, deputados fizeram discursos inflamados e anunciaram uma CPI na Assembleia Legislativa. Passado o momento de aproveitar o marketing eleitoreiro, o assunto foi enterrado. O mesmo aconteceu na Câmara de Vereadores de Salvador.
A Defensoria Pública da Bahia chegou a ajuizar várias ações por danos morais e materiais, mas nenhuma foi julgada. A Marinha pediu mais prazo, até 22 de janeiro, para concluir sua investigação e a Polícia Civil espera pela da Marinha para terminar a sua.
O Governo do Estado não tomou nenhuma providência para evitar novos naufrágios. As únicas foram instalar uma sala para um fiscal fixo da Agerba, agência estadual responsável pela fiscalização. Mas o posto continua vazio.
A travessia envolve o transporte de 5 mil pessoas por dia, que continuam sob as mesmas condições de antes. Não há controle de identidade do passageiro, obrigatoriedade do uso de coletes salva-vidas nem fiscais fixos no terminal.
Apesar dos alertas do Ministério Público da Bahia durante mais de 10 anos e da tragédia recente, governo e deputados esperam pelo próximo naufrágio para retomar as promessas de providências.