Aparelhamento do PT ameaça os Correios
Dez anos após se envolver em grandes escândalos no âmbito do mensalão, os Correios sofrem as consequências de uma gestão marcada por indicações políticas para compor a cúpula da estatal.
Também imersa nos desdobramentos da Operação Lava Jato, a empresa acumulou perdas bilionárias nos três últimos anos, com prejuízo recorde de R$ 2,1 bilhões em 2015, mesmo sendo um monopólio.
Nesse período, os Correios foram presididos pelo petista Wagner Pinheiro, que foi sucedido pelo ex-deputado do PDT Giovanni Queiroz, indicado ao cargo pela então presidente Dilma Rousseff.
Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly, do PSDB do Paraná, o aparelhamento das estatais com os interesses partidários do PT e aliados causou todos os problemas financeiros da empresa e seus fundos de pensão.
"O aparelhamento destruiu quase todas as estatais. E o fundo de pensão que mais perdeu foi o Postalis [dos Correios] . Cada funcionário aposentado vai ter que pagar em torno de 26% de dedução do seu salário para cobrir as perdas".
A competência técnica dos indicados também foi alvo de questionamento durante o governo do PT. Em um episódio, um indicado para a área de tecnologia da estatal era um dentista sem experiência em logística.
Vários indicados pelo PDT, aliado do PT, ainda ocupam cargos de chefia. Mas, com a Lei de Responsabilidade das Estatais, idealizada pelo PSDB, Hauly acredita que esse cenário deve mudar.
Sancionada pelo presidente Michel Temer, a lei restringe a ocupação de diretorias e conselhos das estatais por políticos e sindicalistas. "Daqui para frente teremos um novo comportamento com uma nova legislação".
"Mais dura e severa, ela serve para combater o aparelhamento das estatais e dos fundos de pensão. Eu acredito que vai ser benéfico e evitar futuros problemas para as estatais brasileiras."
Hauly também acredita que a mudança das regras possa recuperar, aos poucos, a saúde financeira das estatais. Hoje, os Correios operam com R$ 900 milhões de prejuízo acumulado só nos 5 primeiros meses de 2016.
De Brasília, Jéssica Vasconcelos.