Exclusivo: conheça "o cara" do capacete
de oxigênio que vem salvando vidas de pacientes da Covid em todo o país. Guilherme Thiago de Souza, diretor geral da Life Tech Engenharia Hospitalar, é formado em Engenharia da Computação, Pós-Graduado em Pericia Forense Digital, Doutorando de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP.
Ele conta que a empresa fazia outros produtos. "Inicialmente era uma divisão da empresa de tecnologia Roboris, que surgiu durante a pandemia da Covid-19. Porém, com o andamento do projeto, tornou-se uma empresa nova".
Guilherme aproveitou o conceito de helmet ("capacete" em inglês), que já existia no exterior e criou uma versão brasileira, pensada nas nossas condições. "A ideia veio da vontade de ajudar a sociedade com o que sei fazer, engenharia".
Começo "aeroespacial"
No início de 2020 Guilherme fez uma reunião com o Cluster Aéreo Espacial, onde propôs "devolver algo para a sociedade". A cadeia aeroespacial tem os melhores recursos de engenharia e de fabricação do País, por isso foi natural ela ser procurada.
"Começaram as ideias e foram avaliadas a criação de ventiladores ou máquina ECMO. O grande problema, porém, seria encontrar componentes que trabalhassem na magnitude de leitura e operação necessárias para operabilidade com o corpo humano".
O engenheiro percebeu que, pelo tamanho de muitas empresas do grupo, a tramitação e execução dos projetos seria muito demorada. "Então decidi tocar sozinho o projeto para ganhar velocidade e eficiência. No processo, encontrei a teoria da ventilação não invasiva e o conceito de helmet".
Guilherme conta que o primeiro protótipo ficou pronto em 40 dias, graças a muito trabalho. "Era uma jornada diária de, no mínimo, 16 horas, alguns dias chegando a dormir no escritório". Mas a satisfação com o resultado e o efeito para a sociedade compensaram.
Gratificação pessoal
"Foi uma sensação muito gratificante e especial. Como engenheiro, sempre trabalhando com robôs, máquinas e sistemas, estava acostumado a trocar peças e trabalhar em silêncio. Se algo der errado, basta trocar um componente".
"Este cenário muda quando o trabalho é feito com a vida de pessoas, e o fato de que complicações ou erros podem levar a óbito que, diferentemente de uma máquina, é irreversível. O fato de desenvolver uma solução que ajuda a salvar vidas é muito gratificante".
Guilherme ficou quase 80 horas dentro de UTIs voltadas para a Covid, acompanhando pacientes e verificando in loco o funcionamento do sistema. "É inexplicável a gratidão e o sentimento de ver a melhora, recuperação e liberação de uma pessoa para sua vida normal".
"Olhar nos olhos dos pacientes e ver o brilho da esperança se concretizando, sem dúvida, foi uma experiência única que mudou minha perspectiva de vida, da responsabilidade social da classe cliínica e médica, que levarei comigo com muito carinho".
"Heróis em silêncio"
O engenheiro conta que conheceu a história de diversos profissionais pelo Brasil, que trabalham incessantemente desde o começo da pandemia para atender à demanda, buscar soluções e dar o máximo de suporte no meio da escassez de recursos e infraestrutura.
"Hoje a classe clínica tem ainda mais o meu respeito e apreço, são milhares de heróis em silencio", destaca Guilherme. O BRIC, nome correto do produto, significa Bolha de Respiração Individual Controlada e resultou em um convite fora da engenharia.
"Fui convidado a fazer um doutorado no departamento de pneumologia da faculdade de medicina da USP e estou trabalhando em outro projeto vinculado a pneumo. De resto, voltei à minha rotina com desenvolvimento de máquinas e projetos para os mercados que já atendíamos".
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