
MPT processa call-center Tel, de Itabuna
e pede indenização de R$ 20 milhões por um mar de irregularidades. A ação civil pública do Ministério Público do Trabalho é contra a operadora Oi e a Tel Telemática, empresa de telemarketing, por várias irregularidades ao longo de vários anos.
A ação está sendo apreciada pela 1ª Vara do Trabalho de Itabuna, onde fica a filial da Tel, contratada pela Oi. Além de pedir a correção imediata das práticas ilegais, o MPT pede que as empresas sejam condenadas a pagar indenização de R$ 20 milhões.
O pedido de liminar ainda não foi apreciado pela Justiça, apesar de ter sido ajuizado em julho do ano passado. O procurador Ilan Fonseca, autor da ação, se diz preocupado com a falta de um posicionamento da Justiça.
“O meio ambiente de trabalho na Tel Telemática é degradado e são registrados muitos afastamentos por doença ocupacional e denúncias de assédio moral. Cada dia que passamos sem que a empresa seja obrigada a corrigir essas práticas representa risco de mais vítimas".
Pressão e assédio
Entre as denúncias estão a pressão psicológica que empregados recebem para entregar resultados e resolver as reclamações dos clientes da Oi. O tempo da ligação é rigorosamente cronometrado por um supervisor e o intervalo entre elas dura poucos segundos.
O retorno das ligações de clientes insatisfeitos e a quantidade de transferência das ligações entre setores do call center geram notas negativas no histórico do empregado. Outra queixa recorrente é que o tempo de permanência no sanitário é controlado.
Muitos empregados não gozam de intervalo de 15 minutos para o descanso nem pausas durante a jornada, o que gera sobrecarga de trabalho. Além disso, muitos deles são desviados de suas funções, acumulando tarefas que não eram da sua competência.
Ambiente ruim
O ambiente de trabalho, segundo os funcionários, não oferece condições adequadas. As cadeiras não atendem às normas de ergometria, causando desconforto e dores nas costas. A acústica não é satisfatória para trabalhar com fones de ouvido.
Há ainda queixas ainda sobre a temperatura, a pouca luminosidade no ambiente e a não emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). A empresa chegou a ser interditada em 2017 depois de uma inspeção de auditores-fiscais do trabalho.
“A Tel Telemática só presta serviços à Oi, de quem recebe todos os procedimentos de trabalho que devem ser executados. As remunerações pouco superam o salário mínimo e a taxa de pedidos de dispensa é elevadíssima”.
Mentindo aos clientes
Uma das muitas empregadas demitidas pela Tel telemática trabalhou na empresa entre 2016 e 2017. Em depoimento, ela contou que ganhava um salário mínimo, chegava a atender 700 ligações por mês, mas foi dispensada por baixa produtividade.
Disse que era questionada muitas vezes por ir ao banheiro e que já viu muitos colegas de trabalho desenvolverem rinite, cisto na mão por excesso de digitação e até precisar de atendimento médico de emergência por causa da sobrecarga de pressão e trabalho.
Outro empregado relatou que recebia advertência verbal porque era obrigado a mentir para os clientes da Oi. Contou que ele e outros colegas chegavam em casa com alto nível de estresse e que sua saúde estava sendo prejudicada.
A primeira audiência do caso, que aconteceria no começo deste mês, foi desmarcada pela Justiça, que ainda não se posicionou sobre o pedido de liminar do MPT. A Tel Telemática responde a outras duas ações do MPT e tem 70 multas sem ter sido pagas.
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